Os advogados do ex-magnata do cinema Harvey Weinstein pediram ao tribunal de Nova Iorque onde será julgado por violação e agressão sexual que, devido ao seu estado de saúde, ele possa dormir em instalações hospitalares durante o processo, em vez da prisão.

O documento dirigido ao tribunal foi divulgado na quarta-feira, segundo dia do julgamento no qual continua a seleção do júri que determinará o destino do famoso produtor de cinema de sucessos cinematográficos como "Sexo, Mentiras e Vídeo", "Pulp Fiction" e "A Paixão de Shakespeare", cuja queda em 2017 originou o movimento #MeToo de denúncias de assédio sexual.

O advogado Imran Ansari detalha que Weinstein sofre de leucemia, problemas coronários graves, diabetes, falta de mobilidade e fortes dores nas costas, entre uma longa lista de doenças que o levaram a ser hospitalizado várias vezes nos últimos meses. Nos dias mais recentes, sofreu uma infeção na língua que precisou de hospitalização, indicam.

"Impedir que ele receba atendimento médico e supervisão", com "o stress e os rigores do seu julgamento, poderia levar à exasperação das condições médicas existentes, ao aparecimento de novas condições médicas e até mesmo à morte", alerta Ansari.

Visivelmente debilitado, nas suas audiências no Supremo Tribunal de Manhattan, o ex-fundador da produtora Miramax, de 73 anos, desloca-se em cadeira de rodas.

"Os seus medicamentos são sistematicamente atrasados ou administrados de forma inadequada, ele ganhou uma quantidade alarmante de peso líquido devido à má gestão da sua saúde, e é deixado a gelar na sua cela sem mesmo ter roupas limpas. Isso não é encarceramento, é indiferença deliberada", lamentou por sua vez o seu porta-voz, Juda Engelmayer, em comunicado.

A defesa de Weinstein processou em novembro a cidade de Nova Iorque pelo que chamou de "condições deploráveis" da sua prisão, e reivindicou cinco milhões de dólares (4,39 milhões de euros) em danos, alegando "negligência grave", "má prática médica" e "falta de tratamentos médicos", entre outras queixas.

Weinstein voltou ao banco dos réus para ser julgado por violação e agressão sexual, após a anulação da sua primeira condenação por um tribunal de segunda instância em abril de 2024 por tecnicidades processuais.

Será julgado novamente sob a acusação de agredir sexualmente a então assistente de produção Mimi Haleyi em 2006, violar a aspirante a atriz Jessica Mann em 2013, e por uma nova acusação de outra alegada agressão sexual em 2006 num hotel de Manhattan.

Nove dos 12 membros do júri já tinham sido selecionados até o fim de quarta-feira. Restam três, além de seis suplentes. O juiz Curtis Farber espera que os argumentos da acusação e da defesa comecem na próxima segunda ou terça-feira.

O ex-produtor já foi condenado a 16 anos de prisão por um tribunal de Los Angeles por violação e agressão sexual ocorridos em 2013.