
Num veredito que será entregue por partes, o antigo produtor de cinema Harvey Weinstein foi declarado culpado, na quarta-feira, de agredir sexualmente a sua antiga assistente de produção Miriam Haley, e inocente de uma acusação semelhante feita pela ex-modelo Kaja Sokola, após a repetição do seu julgamento em Nova Iorque.
O júri vai reunir-se novamente na quinta-feira para decidir sobre a acusação de violação que a aspirante a atriz Jessica Mann terá alegadamente sofrido do fundador dos estúdios Miramax, de 73 anos, que cumpre outra condenação de 16 anos de prisão imposta por um tribunal da Califórnia por agressão sexual.
"Culpado", disse o presidente do júri em relação ao caso de Haley, uma das queixosas que desencadearam o movimento #MeToo, que gerou uma avalanche de denúncias de mulheres vítimas de agressões sexuais no trabalho.
Por outro lado, o júri declarou Weinstein "inocente" da acusação de agressão sexual da ex-modelo polaca Kaja Sokola, um caso que foi incluído na nova versão do julgamento, após a anulação em 2024 por um tribunal de apelo que considerou que houve erros processuais na decisão de 2020.

Weinstein permaneceu impassível, sentado na sua cadeira de rodas e vestido com um fato escuro, como tem feito durante as seis semanas de julgamento.
O juiz ordenou às equipas jurídicas de ambas as partes que não falassem com os meios de comunicação social.
Os vereditos chegaram no meio de disputas internas entre os doze membros do júri que fizeram temer por um impasse que poderia ter provocado uma eventual repetição do julgamento.
A defesa de Weinstein solicitou a anulação do processo várias vezes.
Altura de acabar
Pouco antes do anúncio do primeiro veredito, após mais um protesto do porta-voz do júri perante o juiz Curtis Farber, o próprio Weinstein pediu a anulação do julgamento, para surpresa do público que aguardava as deliberações.
"É a quarta vez que ouvi uma reclamação de um jurado", disse Weinstein, que concluiu: "É altura, é altura, é altura de dizer que este julgamento acabou".
Quando o veredito pendente for anunciado, o juiz Farber deverá decidir a pena a ser imposta a Weinstein.
O antigo produtor voltou a ser julgado pela alegada violação de Jessica Mann em 2013 e por uma agressão sexual contra Miriam Haley em 2006, pelas quais fora condenado a 23 anos de prisão.
A essas acusações somou-se a de Sokola, que denunciou o magnata do cinema por uma alegada agressão sexual ocorrida em 2006, quando ela tinha 19 anos.
Os advogados fizeram de tudo para desacreditar as três queixosas, "mulheres que viram os seus sonhos [profissionais] destruídos" e que teriam mentido para obter dinheiro de Weinstein, o "pecador original do movimento #MeToo", segundo o seu principal advogado, Arthur Aidala.
Investigações jornalísticas de outubro de 2017 do New York Times e do The New Yorker sobre o poderoso produtor de filmes como "Pulp Fiction" e "A Paixão de Shakespeare" causaram comoção em todo o mundo e libertaram a voz de muitas mulheres, vítimas não apenas de Weinstein, tendo entre elas atrizes de renome como Angelina Jolie e Gwyneth Paltrow.
Diferentemente do primeiro julgamento, quando as manifestações contra a violência sexual eram diárias à entrada do tribunal, este processo passou quase despercebido, ofuscado pelo de Sean "Diddy" Combs, rapper e magnata da música, que ocorre num tribunal vizinho sob acusações de associação ilícita e tráfico sexual.
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