O célebre advogado Ben Brafman apresentou à justiça dezenas de e-mails enviados a Weinstein por uma mulher que o acusa de a ter violado em 2013, escritos pouco depois da suposta agressão e ao longo de quatro anos.

Na sua opinião, revelam "uma relação íntima, consensual, de longa data" entre ambos e "corroboram a inocência factual de Weinstein neste caso".

O magnata de 66 anos garante ser inocente das seis acusações por suposta violação desta mulher, e por obrigar outras duas mulheres a praticar sexo oral em 2004 e 2006.

A moção de 159 páginas apresentada pelo seu advogado cita fragmentos de dezenas de e-mails enviados pela mulher que denunciou a violação, e ressalta como falha que esta informação não tenha sido divulgada pela procuradoria ao grande júri que decidiu que havia provas suficientes para levar Weinstein a julgamento.

Os e-mails enviados pela acusadora a Weinstein nas semanas, meses e anos após a suposta violação de março de 2013 "podem ser interpretados pelo grande júri como bastante mais consistentes com uma relação contínua cálida, amistosa", afirma Brafman.

"Weinstein nega categoricamente ter tido relações sexuais não consensuais com qualquer pessoa, e especificamente com as três acusadoras na acusação pendente", assegura o seu advogado.

"A acusação contra Weinstein deve ser desconsiderada na sua etapa anterior ao julgamento porque é legalmente frágil", estima na moção.

Se a violação for descartada, o caso perde força. As acusações de sexo oral forçado datam de há 12 e 14 anos, e uma das acusadoras não se lembra da data exata, apenas que ocorreu entre junho setembro de 2004.

"Amo-te"

"Amo-te, sempre te amei. Mas odeio sentir-me como um flirt", escreveu a acusadora ao produtor de cinema em fevereiro de 2017, quase quatro anos depois da alegada violação.

Poucas semanas depois da agressão denunciada, de março de 2013, escreveu: "Eu estava à espera de ter algum tempo em particular contigo para falar sobre a direção que a minha vida está a tomar".

"És quem faz com que pareça bom, com o teu sorriso e os teus lindos olhos!", escreveu-lhe alguns meses depois.

As mensagens parecem coordenar encontros entre a acusadora e Weinstein, detalham planos de apresentar o produtor à sua mãe, descrevem a doença do seu pai e apelam ao produtor quando a acusadora precisa de ajuda para conseguir emprego, segundo Brafman.

O advogado acusa o procurador de Manhattan Cyrus Vance de ceder a fortes pressões e de se apressar em acusar Weinstein, depois de ser duramente criticado porque não o processou quando uma atriz denunciou os seus assédios em 2015.

O gabinete de Vance não quis comentar a informação esta sexta-feira.

Se Weinstein for julgado e considerado culpado pelas seis acusações, poderá ser condenado a prisão perpétua.

A carreira do produtor de cinema implodiu em outubro passado, quando mais de uma centena de mulheres, incluindo estrelas como Angelina Jolie e Ashley Judd, contaram que foram assediadas ou abusadas sexualmente pelo produtor, até então considerado um dos mais prestigiados de Hollywood.

As alegadas agressões decorreram ao longo de várias décadas.

As revelações sobre Weinstein levaram ao surgimento do movimento #MeToo contra o assédio e a agressão sexual, que derrubou dezenas de homens poderosos em todos os setores e hoje continua a abalar os Estados Unidos.

Weinstein, que tem cinco filhos de dois casamentos, separou-se da sua última esposa depois de uma onda de denúncias e encontra-se em liberdade sob fiança depois pagar um milhão de dólares.