“Intermezzo” é o quarto romance da autora de “Pessoas Normais” e “Conversas entre Amigos” e está previsto chegar às livrarias no inicio do próximo outono, incluindo em Portugal, onde o editor da Relógio d’Água planeia fazer um lançamento em simultâneo com a sua publicação original, como disse à agência Lusa.
Neste novo livro, a autora irlandesa volta ao seu tema de eleição, as relações complicadas entre jovens, mas colocando, desta vez, o foco sobre dois irmãos, Peter e Ivan Koubek, para construir uma história sobre o luto, o amor e a família.
Com personalidades em polos opostos, Peter e Ivan pouco têm em comum, além do facto de serem irmãos, levando vidas distintas, mas que se juntam na sequência da morte do pai.
Peter é um advogado de Dublin na casa dos trinta anos - bem-sucedido, competente e aparentemente inatacável -, que, após a morte do pai, começa a automedicar-se para dormir e a lutar para gerir os seus envolvimentos amorosos.
Peter mantém relações com duas mulheres diferentes, o seu primeiro amor duradouro, Sylvia, e uma estudante universitária, Naomi, para quem a vida é uma longa piada.
Ivan é um jogador de xadrez competitivo de vinte e dois anos, socialmente desajeitado e solitário, a antítese do irmão mais velho.
Nas suas primeiras semanas de luto, Ivan conhece Margaret, uma mulher mais velha que está a emergir do seu próprio passado turbulento, e as suas vidas entrelaçam-se de forma rápida e intensa.
“Para dois irmãos em luto e para as pessoas que amam, este é um novo interlúdio - um período de desejo, desespero e possibilidade; uma oportunidade de descobrir o quanto uma vida pode conter dentro de si sem se quebrar”, descreve a editora britânica Faber and Faber, que publica as obras de Sally Rooney.
Numa declaração publicada na página da Faber, o editor Alex Bowler considera que “depois de três livros milagrosos, os milhões de leitores de Sally Rooney reconhecerão a beleza e a perspicácia, a dor e a esperança que irradiam deste novo romance”.
No entanto salienta que este é um trabalho diferente dos anteriores: “Intermezo” marca também “um avanço requintado no trabalho de uma escritora que parece tão sintonizada com as nossas vidas, os nossos corações e os nossos tempos”.
Para Mitzi Angel, presidente e editora da Farrar, Straus e Giroux, editora norte-americana que publicará este romance, “através das componentes da vida quotidiana, Sally Rooney constrói um mundo de complexidade ética que se equipara ao dos grandes romances do século XIX”.
“‘Intermezzo’ é um romance surpreendente: marca mais um avanço no trabalho de uma escritora que capta a nossa vida e o nosso tempo com mais estilo e generosidade de espírito do que nunca”, afirma a responsável num comunicado, citado pela revista People.
Este é o quarto romance de Sally Rooney depois do grande sucesso alcançado com “Pessoas Normais”, “Conversas entre Amigos” e “Mundo Belo Onde Estás?”
“Conversas entre Amigos” foi o primeiro romance de Sally Rooney, publicado originalmente em 2017, e editado em Portugal em 2018 pela Presença, que lhe trouxe notoriedade, impulsionada pela boa aceitação da crítica e a nomeação para alguns prémios literários.
A fama internacional viria com o seu segundo romance, “Pessoas Normais” (2018), publicado em Portugal pela Relógio d’Água em 2019, que venceu o Prémio Costa para Melhor Romance, foi eleito Livro do Ano pelos British Book Awards e pela Waterstones, e foi finalista do Prémio Man Booker, em 2018, tendo sido ainda nomeado, no ano seguinte, para o Women’s Prize for Fiction e o Dylan Thomas Prize.
“Mundo Belo Onde Estás”, o seu terceiro romance, publicado também pela Relógio d’Água em 2021, é o único que até ao momento ainda não teve adaptação televisiva.
Sally Rooney tem os seus livros traduzidos para mais de 40 línguas, mas em 2021, por altura da publicação de “Mundo Belo Onde Estás”, a autora recusou ceder os direitos de tradução a uma editora israelita, que traduzira os seus romances anteriores, em protesto pela política de conflito com a Palestina.
A autora, na altura com 30 anos, sustentou a decisão, em comunicado, evocando os relatórios recentes de organizações humanitárias que denunciavam o sistema de domínio e segregação racial de Israel na Palestina, que correspondiam à definição de 'apartheid' ao abrigo do direito internacional. Rooney concluiu esse comunicado expressando solidariedade com o povo palestiniano e com "a sua luta pela liberdade, a justiça e igualdade".
No mês de maio desse mesmo ano, Sally Rooney assinou uma "Carta Contra o Apartheid", que apelava a "uma cessação imediata e incondicional da violência israelita contra os palestinianos", e pedia aos governos que "cortassem as relações comerciais, económicas e culturais" com Israel, a par de outros autores como Nan Goldin e Naomi Klein.
Já em dezembro de 2023, no The Observer, em conversa com a escritora palestiniana Isabella Hammad, Sally Rooney escreveu que não conseguia “compreender” os recentes acontecimentos em Gaza: “Nada consegue fazer sentido. Tudo em mim se rebela contra o que estou a testemunhar.”
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