O novo álbum de João Gil serve de mote para as comemorações dos 46 anos de carreira do músico, que começou nos Trovante e passou por projetos como Rio Grande, Ala dos Namorados e Tais Quais.
“46 JG 22” reflete “os últimos dois, três anos”, o olhar de João Gil sobre o que o rodeia. “Como vejo o presente e o futuro, como analiso, em linguagem mais poética ou menos poética, aquilo que nos rodeia”, contou em declarações à Lusa.
Nas letras dos 11 temas que compõem o álbum, João Gil aborda, entre outros, “o mundo conturbado, a luta das mulheres, a Democracia e os seus perigos, o debate político e o debate económico e social, muito inquinados por pessoas que querem apenas ‘Um pouco mais de atenção’, a Guerra, a necessidade de mudança de mentalidades, tornar o planeta mais sustentado, mais equilibrado”.
“São essas coisas todas”, disse, acrescentando que no disco também “há muitas coisas leves”. “Declarações de amor não faltam”, disse.
Embora em “46 JG 22”, João Gil aborde alguns temas “densos e pesados”, o disco “tem muita luz”.
“Tenho dificuldade em ser triste, muita dificuldade. Mesmo a falar dos temas mais densos e pesados, gosto de contrariar esse ‘chover no molhado’ e tornar as coisas um pouco mais leves, com mais luz e procurar mais brilho nos tempos difíceis”, partilhou.
No álbum hoje editado, João Gil assume, pela primeira vez, a escrita, composição e interpretação de todos os temas, com exceção de “Um pouco mais de atenção”, que partilha com Frankie Chavez.
“Essa música tem um lado... Eu só via mesmo o Frankie Chavez a tocar aquilo comigo, precisava mesmo daquela guitarra, daquele ‘feeling’ que só ele dá. E ele também divide comigo a interpretação, é uma novidade [ouvir o Frankie Chavez] a cantar em português”, referiu.
Na criação deste trabalho, João Gil procurou “ter uma equipa pequena” e fez questão de destacar “o papel do Carlos Vales [coprodutor de ‘46 JG 22’], que tem acompanhado os Xutos desde o início, um homem muito sábio e um grande técnico de som”.
“Sabia que esta estética muito acústica, orgânica, que tenho neste disco precisava de uma pessoa que me soubesse dizer que não, que me soubesse contrariar e dar uma alternativa. Esse é o papel de um produtor, e ele foi crucial, muito importante”, salientou.
Os 46 anos de carreira de João Gil, assinalados este ano, serão festejados com um concerto no Coliseu dos Recreios em 17 de setembro, em Lisboa.
Nesse dia, o palco do Coliseu recebe “Caixa de Luz”, espetáculo que João Gil tem feito nos últimos meses, com vários convidados, “mas com incidência neste disco que vai sair”.
“Vou fazer a viagem pelos temas mais emblemáticos dos 46 anos (“Saudade”, “Perdidamente”, “125Azul”, “Os loucos de Lisboa”, “O Zorro”, “Timor”), mas com incidência forte nos temas mais novos”, adiantou.
“Caixa de Luz” conta com cenários de Ana Mesquita, “concebidos para cada música e que tornam o espetáculo num momento muito forte”. “O facto de viver com uma artista plástica do calibre da Ana é um privilégio”, disse.
João Gil é um dos fundadores do grupo Trovante na década de 1970, mas tem o nome também ligado a outros projetos de música portuguesa, além de compor, regularmente, para cinema e teatro.
Em 2008, editou o primeiro álbum a solo, “João Gil”.
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