Ao terceiro ano, o Lisboa Dance Festival mudou-se para o Hub Criativo do Beato. Depois de duas edições na LX Factory, a organização decidiu mudar-se para um dos lugares que poderá vir a ser trendy nos próximos anos. E mais uma vez a ditar a tendência, por explorar novas sonoridades da música de dança.
No primeiro dia, na passada sexta-feira, ainda ao descobrir aquelas que eram as antigas instalações da Nacional, vimos que “o que é nacional é bom”, com Dj Glue, Dj Marfox e Xinobi, mas também que o internacional é ótimo, com destaque para a britânica NAO, no seu regresso a Lisboa.
À chegada, somos guiados pelo som para a Fábrica do Pão, onde nos deparamos com a saída, que nem pãezinhos quentes, dos grandes hits do hip-hop, vindos dos pratos de Dj Glue. Em plena aula de reflexão sobre este estilo musical, somos bombardeados com Kanye West, Notorious B.I.G. ou Nate Dogg e também com fenómenos emergentes da atualidade, como A$AP Ferg ou Mura Masa. Esta entrada é a pés juntos, mas no Palco Carlsberg o ritmo não é diferente.
Aqui, a aula é dada pelo professor Dj Marfox, que trata como ninguém os sons africanos, dotando-os de uma simbiose perfeita com as sonoridades eletrónicas. Não é à toa que ele foi o primeiro português a figurar na capa da Rolling Stone, mas também é dos rostos principais da Noite Principe, que todos os meses dá cartas pelo Musicbox. Como tal, é natural que também já tivesse um grupo considerável de fãs para o assistir, embora ainda fosse o início da noite.
Com o festival mais disperso do que nos anos anteriores, visto que os palcos estão mais afastados, até poderia parecer que havia menos público, mas entra-se novamente na Fábrica do Pão e verificamos que essa ideia é infundada. Ainda assim há espaço para andar e espaço para dançar, o que é sempre louvável.
Um triunfo e uma desilusão
O grande destaque do dia foi mesmo NAO. Em plena aula de sensualidade e com uma presença contagiante, a artista inglesa regressou da melhor forma a Portugal.
Com um português tímido, ia comunicando de vez em quando com um público muito receptivo e que respondia dando o máximo de si nas vozes de temas que compõem o álbum "For All We Know", que foi também o motivo da vinda da artista em 2016, ao Vodafone Mexefest. Em coro, "Bad Blood", "Adore You" ou "We Don’t Give A" impuseram-se como pontos altos de uma aula bem dada.
"Nostalgia" foi um dos mais recentes temas que NAO apresentou e também o sentimento que ditou o fim de um concerto que não teve direito a encore. Até porque depois veio uma das atuações mais estranhas do dia. O também britânico Romare, num live set, apresentou-se num registo apático e desligado do público. Por momentos, o ambiente e o sentimento transmitido foi o de estarmos num dos vídeos de “People of Boiler Room”, ou seja, o de um artista completamente alienado de tudo o resto. Infelizmente, deixou assim um ponto negativo numa noite memorável.
Para a despedida do primeiro dia, seguimos a aula de bem “eletronizar” a música de dança cá em Portugal, com Xinobi, num set que só acabou por volta das 4 da manhã.
Para o segundo dia, Nosaj Thing, Joe Goddard (vocalista dos Hot Chip) e PEDRO são alguns dos nomes do cartaz.
Texto: Carlos Sousa Vieira/ Fotos: Pedro B. Maia
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