O bailarino e coreógrafo Jorge Salavisa, antigo diretor artístico do Ballet Gulbenkian e da Companhia Nacional de Bailado, morreu na noite desta segunda-feira, dia 28 de setembro. Tinha 81 anos.
A notícia da morte de Jorge Salavisa foi avançada pelo jornal Público. Segundo aquele jornal, o bailarino e coreógrafo morreu em casa, em Lisboa, vítima de doença.
Nascido em Lisboa, em 1939, Jorge Salavisa iniciou os estudos de dança com Ana Máscolo e prosseguiu a sua formação artística em Paris, com Victor Gsovsky e Lubov Egorova, ingressando a seguir no Grand Ballet du Marquis de Cuevas, onde permaneceu até à extinção dessa Companhia, em junho de 1962.
Trabalhou com bailarinos e coreógrafos de renome como Bronislava Nijinska, Robert Helpmann, Daniel Seillier, Nicholas Beriosoff, Maria Fay, Roland Petit, Egorova, Gsovsky, Nora Kiss, Serge Peretti, Leonide Massine, David Lichine, Harald Lander, Serge Lifar, Mary Skeaping, John Taras, entre outros.
Foi professor de dança em Portugal, no Reino Unido e em várias cidades nos EUA, atuou em filmes e séries de televisão em França, Espanha, Hong-Kong e Japão. Diz que a dança em Portugal "está hoje no seu apogeu" e verificou-se "uma mudança de mentalidades".
Em 1998, assumiu a direção da CNB, mantendo-se no cargo até 2001. Jorge Salavisa também presidiu ao Organismo de Produção Artística, entidade gestora do Teatro Nacional de São Carlos e da CNB, entre maio de 2010 e janeiro de 2011.
Pelo seu trabalho à frente do Ballet Gulbenkian, Jorge Salavisa foi condecorado com o Grande Oficialato da Ordem do Infante D. Henrique e com a Medalha de Mérito Cultural.
Em 2012, Jorge Salavisa editou o livro de memórias "Dançar a Vida", sobre um percurso profissional de cinco décadas dedicadas à dança e à direção artística. Um ano antes, Marco Martins estreou o filme "Jorge Salavisa - Keep Going".
O filme, que resultou de um convite feito a Marco Martins pela diretora da Companhia Nacional de Bailado, Luísa Taveira, e por Miguel Honrado, presidente da Empresa de Gestão de Equipamentos e Animação Cultural (EGEAC), teve estreia na sala principal do São Luiz Teatro Municipal, entidade que Salavisa dirigiu entre 2002 e 2010.
"Eu sou muito ingénuo e sou um sonhador. Não queria trabalhar sem sonhar", justificou, na altura, sobre a saída do OPART -Organismo de Produção Artística, aquele que foi diretor do Ballet Gulbenkian, entre 1977 e 1996, e também diretor da CNB, entre 1998 e 2001.
Através da conta do ministério da Cultura no Twitter, Graça Fonseca lamentou a morte de Jorge Salavisa. "A Ministra da Cultura, Graça Fonseca, lamenta a morte do bailarino, professor e diretor artístico Jorge Salavisa, nome maior da dança contemporânea, tanto nacional como internacionalmente, e um homem que ajudou a definir a cultura em Portugal", pode ler-se na nota publicada na rede social.
Gabriela Canavilhas também lamentou a morte do antigo diretor artístico do Ballet Gulbenkian e da Companhia Nacional de Bailado. "Acabo de saber do falecimento de Jorge Salavisa, com grande mágoa. Um homem admirável", escreveu no Twitter.
A Companhia Nacional de Bailado (CNB) prestou homenagem e deixou um “profundo agradecimento” ao “professor, mentor, colega, impulsionador e cúmplice de gerações de bailarinos e gerações de coreógrafos” Jorge Salavisa.
“Hoje estamos de luto porque perdemos alguém a quem tivemos a sorte de poder chamar um de nós. Ao professor Jorge Salavisa prestamos homenagem e um profundo agradecimento”, lê-se numa mensagem, assinada pela diretora artística da CNB, Sofia Campos, partilhada hoje na página oficial daquela companhia na rede social Facebook.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, também enalteceu hoje a memória do bailarino e coreógrafo Jorge Salavisa, recordando-o como um “professor tão exigente quanto generoso” cuja missão de formação nunca seria terminada.
“Despedimo-nos hoje, já com saudade, de um homem invulgar, um bailarino virtuoso, um professor tão exigente quanto generoso, que ajudou a formar e deu palco aos mais talentosos bailarinos portugueses. Elevar o ballet nacional a um nível superior, aberto, tangível, ao alcance de todos: foi este o seu maior propósito – ‘um sonho’, assim definia Jorge Salavisa a sua missão, nunca impossível, nunca terminada”, pode ler-se na mensagem publicada na página da Presidência da República.
"Querido Jorge Salavisa. Aprendi tanto contigo. E o nosso projecto Mansarda prometo que vai ser lindo e com todas as tuas ideias maravilhosas e inspiradoras concretizadas", escreveu Patrícia Vasconcelos nas redes sociais.
Na sua conta no Facebook, Henrique Feist recordou Jorge Salavisa. "Este senhor possibilitou-me dois sonhos: fazer 'O Melhor dos Musicais' durante sete meses no Teatro São Luíz e ainda o 'Esta Vida é Uma Cantiga'. Meu querido, Jorge vamo-nos vendo por aí", escreveu nas redes sociais.
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