"O meu cancro está em remissão. Tenho muita energia", disse Jane Fonda à AFP esta quinta-feira, nos bastidores da Hollywood Climate Summit (Cimeira de Hollywood para o Clima).
"Não acho que a comunidade de Hollywood tenha feito o suficiente para enfrentar esta crise. Por isso estou aqui, para a incentivar", disse a duas vezes vencedora do Óscar.
A cimeira reúne figuras da indústria, cientistas e ativistas numa aposta para mudar a cultura do setor e incentivar cineastas a influenciar positivamente o público.
Os realizadores de "Tudo em Todo o Lado ao Mesmo Tempo", Daniel Kwan e Daniel Scheinert, e a estrela de "Abbott Elementary", Quinta Brunson, também estão confirmados no evento realizado na sede da Academia em Los Angeles.
Fonda apresentou um painel chamado "Reflexão de Hollywood sobre o petróleo e gás" e pediu à indústria do entretenimento que encerre todos os investimentos no setor de combustíveis fósseis e reduza a sua pegada de carbono.
Falou sobre uma lei da Califórnia que proíbe novos poços de petróleo a cerca de um quilómetro de residências, escolas e parques.
Após anos de campanha, o projeto de lei finalmente foi sancionado pelo governador Gavin Newsom em 2022, mas as empresas energéticas conseguiram assinaturas suficientes para interromper a medida e exigir um referendo no próximo ano.
"As pessoas estão a sofrer com cancro, doenças do coração, pulmões e asma. Crianças estão a perder aulas e nascem com problemas congénitos porque vivem perto de infraestruturas do setor de combustíveis fósseis", disse Fonda.
Se as petrolíferas conseguirem derrubar a lei "isto tornar-se-á um precedente para outros estados", acrescentou. "É preciso parar isto. Isto requer todo o nosso esforço".
"Tudo o que posso"
Fonda ganhou fama nos anos 1960 com papéis como Barbarella, que a transformou em símbolo sexual em todo o mundo, antes de ser reconhecida pela crítica que lhe concedeu dois prémios da Academia na década seguinte por "Klute" e "O Regresso dos Heróis".
Nessa altura, abraçou o ativismo. Tornou-se a primeira celebridade de Hollywood a visitar a cidade de Hanói para protestar contra a guerra do Vietname, um gesto que lhe valeu o apelido "Hanoi Jane".
Porém, a questão ambiental tornou-se uma prioridade para Fonda, uma das mais influentes ativistas políticas de Estados Unidos.
Nos últimos anos, falou sobre a biodiversidade no oceano perante as Nações Unidas, protestou contra um projeto de oleodutos no Minnesota e chegou a ser detida várias vezes por liderar manifestações contra a crise climática nos arredores do Capitólio, em Washington.
"Se não faço o que acaba de mencionar, fico deprimida a ponto de não conseguir dormir", comentou.
"Faço tudo o que posso. (...) Todos temos de fazer tudo o que podemos antes que seja tarde demais".
Fonda também esteve em vários projetos como atriz nos últimos anos. Em setembro, revelou sofrer de linfoma de Hodgkin e que havia começado a quimioterapia.
Apenas três meses depois, a atriz, que já havia superado cancros da mama e da pele, anunciou a remissão da doença e que já não estava em tratamento.
Enquanto a greve de argumentistas paralisou muitas produções em Hollywood, Fonda pretende concentrar-se no ativismo antes das eleições do ano que vem.
"Nem sequer penso em tentar trabalhar no próximo ano e meio porque quero focar-me nisto", declarou. "As próximas eleições serão cruciais".
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