Naquela que será a sua 11.ª edição, a Noite da Literatura Europeia decorre em plenas Festas de Lisboa, num serão literário que, entre as 19h00 e as 23h30, dá a conhecer ao público de todas as idades obras de autores europeus contemporâneos, interpretadas por atores portugueses.
Do romance à poesia, passando pela banda desenhada e pelo teatro, “o programa deste ano inclui temas como o feminismo, a revolução, os dogmas e a sua desconstrução, a guerra, a rebelião, os dramas familiares ou a superação de limites numa sociedade em transformação permanente”, anunciou a organização.
Com uma duração de 10 a 15 minutos, as sessões realizam-se de meia em meia hora, dando ao público a possibilidade de assistir às várias apresentações, mas também de visitar os diversos espaços, entre os quais “lugares que nem sempre são acessíveis ao público”.
Assim, a Noite da Literatura Europeia apresenta-se como uma oportunidade de conhecer a Fábrica de Torrefação Cafés Negrita, o hotel Palácio do Visconde, o Laboratório e a Oficina do FabLab Lisboa, o pátio da Junta de Freguesia de Arroios, ou o recreio e as salas da Associação Pró-Infância Santo António de Lisboa, entre muitos outros espaços.
Republica Checa, Espanha, Estónia, Grécia, Itália, Luxemburgo, Portugal e Roménia são os países que terão os seus autores presentes nas sessões, dando ao público a possibilidade de contactar com os criadores europeus.
A representar Portugal estará Miguel Montenegro, psicólogo clínico e o primeiro autor português de banda desenhada a trabalhar para a Marvel Comics, que com os seus “Psicopatos” questiona dogmas e evidencia algumas das contradições das ciências psicológicas. A interpretação estará cargo da atriz Sandra Celas.
Da Alemanha chega “O pescoço da girafa”, de Judith Schalansky, editado pela Elsinore, obra que consiste num retrato psicológico e social, em tom paródico, de uma sociedade alemã em profunda transformação, interpretada por Sofia Portugal.
A proposta austríaca é o livro “A revolta dos animais marinhos”, de Marie Gamillscheg, que aborda a libertação gradual de restrições da infância, do próprio corpo e de leis impostas por outros, cuja leitura encenada será feita por Cheila Lima.
Markéta Pilátová é a autora escolhida para representar a República Checa, com “Olhos da loba”, um romance baseado em narrativas de checos radicados em São Paulo que conta a história de um amor destroçado pela Segunda Guerra Mundial na Europa, e que terá uma encenação feita pela atriz Lígia Cruz.
O livro de Espanha é “As maravilhas”, de Elena Medel, editado por cá na Dom Quixote, que conta uma história sobre a precariedade e o passado recente da Península Ibérica, do final da ditadura à explosão do feminismo, pela voz de Paula Garcia.
Da autoria de Eva Koff e Indrek Koff, “Voltar” é a peça de teatro escolhida para representar a Estónia, uma obra que procura analogias entre aquele país e Portugal, durante os anos de ocupação soviética e os da ditadura salazarista, e que será interpretada por Miguel Loureiro.
A Finlândia aposta em “O caçador de bruxas” (Bertrand Editora), uma obra policial de Max Seeck, autor que já foi apelidado de Agatha Christie dos tempos modernos, e que começa com um assassinato e a inevitável investigação, em busca do responsável pelo crime, cuja leitura encenada estará a cargo da atriz Ana Água.
O representante de França é Emanuele Coccia, com “A vida das plantas. Uma metafísica da mistura” (Documenta), um livro que parte da contemplação das plantas e vegetação para propor uma filosofia de vida em conjunto. Caberá à atriz Jacqueline Corado dar vida a esta obra.
“Olya. Dois invernos e uma primavera”, do autor grego Vassilis Papadopoulos, é um livro que transporta os leitores à Ucrânia pós-soviética, em 1994, numa Kiev que luta contra a pobreza, a ser lido e interpretado por Efthimios Angelakis.
Géza Bereményi e o seu romance autobiográfico, “O Copperfield húngaro” abordam a infância e a juventude do autor na Hungria dos anos 1950 e 1960, através da interpretação de João Pedro Dantas.
Da Irlanda chega o livro “Pequenas coisas como estas”, editado em Portugal pela Relógio d’Água, da autora Claire Keegan, que confronta o leitor com uma história sobre o passado e os complicados silêncios de uma povoação controlada pela Igreja. Inês Lapa é a atriz que empresta corpo e voz a esta leitura.
A obra escolhida para representar Itália foi “O comboio das crianças”, da escritora Viola Ardone, que faz o retrato de um país que tenta renascer da guerra pelos olhos de uma criança de rua, e que será interpretada por Rita Brütt.
Em “A partida”, a escritora luxemburguesa Kerstin Medinger relata uma ‘road trip’ invulgar que reúne um casal de lésbicas idosas, dois adolescentes infelizes e um autor desiludido, e a atriz Carolina David leva-a até ao público.
Já “A festa do fogo”, romance do polaco Jakub Małecki, é uma história intimista sobre a superação de limites e o preço a pagar por ela, interpretada por Maria Toureiro, ao passo que em “Rimas contra a guerra”, a autora romena Otilia Dor oferece aos leitores uma renovada esperança em tempos difíceis, que será lida e encenada por Nuno Pinheiro, com acompanhamento musical de Isaac Veloso.
A Noite da Literatura Europeia é uma iniciativa da EUNIC Portugal, rede que reúne institutos culturais e embaixadas de países da União Europeia.
O evento é totalmente gratuito e integra-se nas Festas de Lisboa, realizado em parceria com a EGEAC e, nesta edição, com a Junta de Freguesia de Arroios.
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