Além do jardim do museu, este festival, que visa cruzar tradição e vanguarda, segundo a organização, vai decorrer nas Carpintarias de São Lázaro, com direção geral e artística de Catarina Molder e produção da Ópera do Castelo.
O festival apresenta uma programação variada e abrangente que vai dos clássicos à ópera de vanguarda, para agradar a todos os públicos, explicou à agência Lusa Catarina Molder.
Além de "Tosca", que é hoje apresentada, a programação do certame conta com a Maratona Ópera XXI, um concurso de ópera contemporânea, uma ‘rave' operática, com distanciamento social, que mistura o mundo da pop e da ópera, e "Cine-Ópera", com versões cinematográficas de grandes óperas.
"Sempre senti que o mundo da ópera estava muito fechado sobre si próprio e o nosso país é um dos países com menos produção de ópera. O Teatro São Carlos é pouco dinamizador. Esta era uma ideia que estava no forno há vários anos: criar um festival que fosse ao encontro do público com propostas muito diversas", disse Molder.
A soprano defendeu a urgência de divulgar a ópera referindo que a "Tosca", de Puccini, não é encenada em Lisboa há 12 anos, que o São Carlos não faz uma encomenda há mais de 10 anos, e a Gulbenkian e a Culturgest também deixaram de fazer.
"Temos jovens qualificados que não têm hipótese no seu próprio país. Queremos mostrar o trabalho deles e, ao mesmo tempo, tirar partido do património arquitetónico e natural de Portugal", razão por que foram escolhidos aqueles dois espaços lisboetas para apresentar o festival.
A "Maratona Ópera XXI" nos dias 30, 31 de agosto e 3 e 4 de setembro, leva a concurso sete novas óperas, que foram selecionadas no início do ano. "Ouvimos o trabalho apresentado e escolhemos estas, avaliadas pela qualidade e pela força dos libretos".
A "Tosca", de Puccini, que se estreia hoje, e estará em cena até dia 28, não será apresentada na versão completa, devido às restrições impostas pela COVID-19.
A compositora residente desta edição, Ana Seara, fez uma nova versão de "Tosca", "mais íntima, mas mais rica", disse Molder.
A mesma compositora também vai apresentar a "Rave operática", nas Carpintarias de São Lázaro, no bairro da Mouraria, "em que o mundo pop se cruza com a ópera, uma homenagem a vários artistas, que vão desde a Nina Hagen à Maria Callas, e que além de ‘happenings' operáticos e misturas líricas, vai ter uma micro-ópera ‘orgásmica', de cinco minutos", intitulada "Prazer".
O festival inclui conferências que exploram o tema central da programação desta primeira edição do Operafest Lisboa: a traição e o engano, explorando a ideia do "quanto pior, melhor", porque "na ópera quanto mais trágico melhor funciona".
A filósofa Maria Filomena Molder e o musicólogo Rui Vieira Nery são dois dos conferencistas.
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