“Taco a Taco”, dos dramaturgos escoceses Kieran Hurley e Gary McNair, centra-se em dois rapazes, um dos quais vítima de 'bullying', que marca um ajuste de contas com o agressor à porta da escola secundária que ambos frequentam.
Estreada em março de 2022, a peça é o terceiro texto encenado por Pedro Carraca que põe em palco problemas de adolescentes, depois das peças “Birdland”, do inglês Simon Stephens, e “Lua Amarela”, do escocês David Greig, estreadas em abril e novembro de 2021, respetivamente.
A ação da peça desenrola-se durante uma hora, a que antecede a confrontação entre os dois adolescentes, Max Brocklehurst e Stevie Nimmo, ambos de 13 anos, quando se encontram fechados na casa de banho da sua escola secundária, na Escócia, e se preparam para o que vai acontecer, disse à Lusa Pedro Carraca, na altura da estreia da peça, no início do ano passado.
Violência e masculinidade são duas questões implícitas no espetáculo que não retrata apenas uma brincadeira despreocupada entre adolescentes, expondo também a nocividade de atitudes machistas, já que ambos são capturados numa esparrela de séculos, reciclando imagens cansadas e prejudiciais de masculinidade.
“A peça fala do que é ser adolescente, mas também do que se espera dos rapazes na sua passagem para homens”, sublinhou Pedro Carraca à Lusa, quando da estreia.
“Taco a Taco” tem tradução de Eduardo Calheiros e interpretação de Marco Mendonça e Tiago Dinis.
A cenografia e figurinos são de Rita Lopes Alves, com a colaboração dos alunos do 12.º I da Escola Artística António Arroio. A luz é de Pedro Domingos e, o som, de André Pires.
“Taco a Taco” mantém-se no Teatro da Politécnica até 28 de janeiro, com récitas de terça a quinta-feira, às 19:00, sexta-feira, às 21:00, e sábado às 16:00.
Também no dia 12, mas no Teatro Municipal da Guarda, os Artistas Unidos apresentarão “Vida de Artistas”, texto do dramaturgo inglês Noël Coward (1889-1973) que foi a última encenação de Jorge Silva Melo, fundador e diretor artístico da companhia, de 1995 até à morte, em 14 de março de 2022.
Estreada no Teatro S. Luiz, em Lisboa, nove dias depois da morte do “mestre e timoneiro” dos Artistas Unidos, “Vida de Artistas” foi escrita “para cumprir um pacto celebrado entre o dramaturgo inglês e os seus dois amigos Alfred Lunt e Lynn Fontanne, que eram conhecidos como os ‘Lunt’ e se tornaram no mais celebrado casal do teatro na América”, no início dos anos dez do século passado.
Porém, quando Coward os visitou em Nova Iorque em 1921, estavam a começar a viver num alojamento barato para atores em dificuldades, escreveu Jorge Silva Melo na folha de sala do espetáculo.
“Coward também ainda era relativamente desconhecido, mas partilhava com Lunt e Fontanne uma fome por fama e sucesso. A produção estreou-se na Broadway em 1933 e, depois, em Inglaterra, com imediato sucesso crítico e comercial, apesar das suas personagens amorais e da proclamada bissexualidade”, acrescentava o ator, encenador, realizador e tradutor.
Escrita em 1932 e adaptada ao cinema por Ernst Lubitsch, um ano depois, com Gary Cooper, Fredric March e Miriam Hopkin nos papéis principais, a peça só chegou ao Reino Unido seis anos mais tarde, onde havia gerado controvérsia.
Otto (Nuno Pardal), Gilda (Rita Brütt), Ernest (Américo Silva), Leo (Pedro Caeiro) e a empregada Miss Hodge (Antónia Terrinha) são as personagens centrais da peça cuja estrutura perpassa temas como a ambiguidade sexual, a bissexualidade, a monotonia que se instala no quotidiano das relações amorosas, o sucesso e a partilha do outro.
“Vida de Artistas”, uma coméda que acaba por ser inquietante ao "escarafunchar" as profundezas do ser humano, foi a segunda peça de Noel Coward produzida pelos Artistas Unidos e encenada por Jorge Silva Melo, depois de “Vidas Íntimas”.
Com tradução de José Maria Vieira Mendes (e publicada na coleção Livrinhos de Teatro juntamente com "Vidas Íntimas"), a peça conta também com interpretação de Ana Amaral, Jefferson Oliveira, Pedro Cruzeiro, Raquel Montenegro e Tiago Matias.
Com cenografia e figurinos de Rita Lopes Alves, coordenação técnica de João Chicó, som de André Pires e luz de Pedro Domingos, "Vida de Artistas" tem Nuno Gonçalo Rodrigues e Noeli Kikuchi comno assistentes.
Produzida pelos Artistas Unidos e pelos teatros Nacional S. João e Municipal S. Luiz, a peça também subirá ao palco do TECA – Teatro Carlos Alberto, Porto, de 19 a 22 de janeiro, e ao do Teatro Aveirense, no dia 27.
O trabalho de cenografia de Rita Lopes Alves para “Vida de Artistas” foi selecionado para a 15.ª Quadrienal de Praga – PQ23, marcada para junho na capital da República Checa.
Segundo um comunicado divulgado a 22 de dezembro no site da Direção-Geral das Artes (DGArtes), “o trabalho de Rita Lopes Alves (...) foi selecionado para a secção ‘Fragmentos II: A Magia da Escala’ da 15ª. Quadrienal de Praga - PQ23”, certame internacional dedicado à cenografia e arquitetura teatral.
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