Pedro Adão e Silva quer ver “mais diluída a distinção entre alta cultura e a outra cultura”, a que existe fora dos espaços institucionais, defendendo que para tal ajudará “integrar mais a cultura no contexto escolar”.
O ministro, que hoje participou no quinto encontro de apresentação de projetos da 1.ª Bienal de Cultura e Educação (integrado no programa do Folio - Festival Literário Internacional de Óbidos), sublinhou que a ligação das artes à educação não passa por uma solução que “sirva todo o território da mesma forma”, implicando uma ligação às autarquias e às comunidades locais, visando a “valorização daquilo que são os atores relevantes em cada contexto”.
Para o titular da pasta da Cultura, é preciso “fazer da sala de aula um verdadeiro território de cultura”, mas, ao invés, “o nosso sistema educativo tem evoluído excessivamente para uma lógica de uma preocupação com o saber fazer, com a técnica, com uma lógica quase instrumental, com uma fixação na aprendizagem para os exames nacionais”.
Por isso, acrescentou, os alunos chegam às faculdades com médias altas, mas sem “algo que falta estruturalmente ao sistema educativo em Portugal, que é a capacidade de desenvolver competências para além das aprendizagens das matérias”.
Um estado de coisas que poderá mudar se “a sala de aula for, de facto, um território da cultura”, o que para o ministro passa por “construir pontes entre criadores, as escolas, os municípios, as instituições”, para resolver o “défice profundo de desigualdade no acesso à cultura” no território nacional.
Lembrando que o Ministério da Cultura “gasta sensivelmente o mesmo que o conjunto das autarquias”, o ministro pôs a tónica na responsabilidade como fundamental para os eventos culturais nas regiões do interior “ganharem uma nova centralidade”, citando como exemplo de sucesso o Folio – Festival Literário Internacional de Óbidos, cuja adesão de público demonstra estar errada a teoria de que “não se pode fazer cultura fora dos grandes centros, porque não há procura”.
Outro exemplo “feliz”, para o governante, é precisamente 1.ª Bienal de Cultura e Educação, que decorrerá de 01 de março a 30 de junho do próximo ano, envolvendo “mais de 160 projetos, e cerca de 120 parceiros em todo o país”, numero que, segundo a subcomissária do Plano Nacional das Artes, Sara Brighenti, “deverá ser alargado até ao final do ano”.
Parte desses projetos são ao longo do dia de hoje apresentados em Óbidos, no âmbito do Folio, que acolhe o quinto encontro de apresentação do projetos da bienal, desta vez com destaque para iniciativas promovidas por escolas, museus e autarquias da região Oeste.
A Bienal será um evento de cariz nacional, que pretende refletir e disseminar o lugar das expressões e das linguagens artísticas na educação, formal e não formal, através de uma programação cultural integrada e diversa, que incluirá exposições, performances, atividades formativas e de debate, em torno das áreas artísticas e criativas da dança, teatro, música, cinema, circo, literatura, património e arquitetura.
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