A caminho do Salódromo da Ajuda já se vê a preparação para o primeiro dia da Semana Académica de Lisboa (SAL): uns trajados, outros à civil (até se viram uns kilts); uns de garrafa na mão, outros com o telemóvel a telefonar a amigos; uns com ansiedade por esta ser a primeira vez que vão à SAL, outros com a saudades às costas pois esta será a última semana académica a que vão como estudantes.
Chegados ao recinto, o SAPO On The Hop previu logo a enchente que seria este primeiro dia da SAL. Depois de ouvir várias línguas diferentes, graças ao Erasmus, o SAPO ruma até ao epicentro da SAL. Ao fundo ouvem-se os vários ritmos: africanos e latinos, de música eletrónica, de música comercial, e até os clássicos que toda a gente gosta. Os sons confundem-se, uma vez que as barracas de cada associação estão pegadas, mas deixaram-nos a escolha de decidir se devíamos dançar ao som do recente hit africano É Melhor Não Duvidar ou se a melhor escolha seria ouvir o vizinho de lado com It’s My Life, dos Bon Jovi.
Exatamente a ouvir, com a orelha direita, a canção É Melhor Não Duvidar, o SAPO On The Hop é interrompido pelo furação Vengaboys, que já se erguiam no palco principal. We’re Going To Ibiza abre o espetáculo que promete não baixar o ritmo cardíaco. Entre danças estudadas ao pormenor, a batida forte de fundo (a fazer lembrar a tal música de carrinhos de choque, ou até, quem sabe, os Santamaria), e a energia contagiante levam o público ao rubro em segundos. Não foi preciso muito para meter o Salódromo a saltar, cantar e, principalmente, a dançar ao som das simples mas catchy canções dos Vengaboys.
Os fatos extravagantes (a fazer lembrar uma fusão os Power Rangers e, por vezes, o outfit de personagens do Dragon Ball) vêem-se ao longe e, por causa disso – ou não -, na segunda música (Cha La La), o público que veio a correr para os Vengaboys ocupa já a maior parte do espaço em frente ao palco principal. Missão cumprida. O delírio vem com uma das canções mais conhecidas do repertório do quarteto: Boom Boom Boom. A “party people” como o vocalista começa a cantar (ou a gritar?), e pode-se dizer que não se importavam de levar esta música para o quarto (I want you in my room).
O playback continua, mas é bem feito e facilmente nos esquecemos que estamos a ouvir uma espécie de robôs saltitantes. Segue-se Kiss Kiss Kiss, Up and Down e, quando a alegria estava no auge, entra We Like To Party. “You’re fucking awesome”, grita um dos vocalistas. Tempo ainda para falar sobre o Mundial de 2014 para lançar uma música relacionada com o Brasil. De seguida veio um mix de música conhecidas com o cunho dos Vengaboys: a sobremesa veio em jeito de We Like To Move It, Party Rock Anthem e a apoteose acontece com o momento de interação com o público. A banda pede para todos erguerem as lanternas dos telemóveis para gravarem um vídeo. O momento foi espalhafatoso, aliás, como todo o espectáculo, mas sem dúvida que meteu meio Salódromo com a aura em cima.
Depois de um intervalo para descanso (ou reabastecimento de energias), os portugueses Putzgrilla entram para matar: começam com Hey Brother mas rapidamente inclinam-se para um agressivo remix dos Swedish House Mafia e seguem a agressividade com os Linkin Park. Depois das sucessivas referências ao mexer da anca (e do rabo em particular), a vocalista apresenta o single da banda: Bunda. O vídeo provocador ajuda ao ambiente e logo percebemos qual a vibe dos Putzgrilla.
Apesar de um bom set, no geral, houve também alturas em que assassinaram canções como nunca se ouviu. Animals (Martin Garrix) e Boyaah (Showtek), em particular, foram alvo de um homicídio musical que deixaria muitos K.O. Para melhorar veio Talk Dirty e Bubble Butt, assim como um dos mais recentes hits da música eletrónica: Shot Me Down, uma adaptação de David Guetta. Veio ainda o momento mais arrebatador da noite com a mais recente música dos Buraka Som Sistema: Get Stoopid. Altura para todos serem um pouco estúpidos a dançar sem um olhar recriminatório do vizinho. Seguiram-se Decisions ("Bitches love cake", dizem eles), a agressiva Tsunami e ainda o hit do verão Can’t Hold Us. Para terminar em festa, as caras dos Putzgrilla vieram à frente ao som de Seven Nation Army, e depois deixam o público a ouvir, repetidamente, um hino: don’t worry, be happy. Missão cumprida.
Com o aquecimento feito, o público esperava que Rudimental fosse o auge da noite. Mas estavam errados. O set do quarteto britânico começou bem com Watch Out For This, Voices e Heads Will Roll, num mix bem feito e realizado com canções conhecidas, mas o ânimo durou pouco tempo. A tentativa de explosão com o Harlem Shake não foi bem-sucedida, não estivéssemos todos fartos de ouvir a música das ‘rapidinhas’. Seguiu-se um encadear de drum and bass mais inspirado, mas ainda assim insuficiente para agarrar o público. Houve ainda tempo para Bad Boys e, claro, Waiting All Night e Feel The Love, mas não houve tempo para explorar mais o álbum de estreia da banda: Home. Teria sido muito melhor, de certeza. De referir ainda uns problemas de som que interferiram com o set em alguns momentos, apesar de não ter sido isso o que estragou aquele que podia ter sido o grande momento da SAL 2014. Missão não cumprida. Hoje há mais.
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