O Rock in Rio Lisboa foi definitivamente histórico. Recheado de artistas de luxo e sem desilusões assinaláveis. Rolling Stones, Arcade Fire e Justin Timberlake já deixam saudades.
A presença dos colossos Rolling Stones em Portugal conseguiria tornar o mais modesto cartaz num festival de sonho. Mas este Rock in Rio foi mais longe: estreou Justin Timberlake e Ed Sheeran no nosso país, provocou o primeiro regresso de Arcade Fire depois do álbum “Reflektor” e ainda trouxe Robbie Williams, 11 anos depois. De resto, mais do mesmo (mas nem por isso mau): Ivete Sangalo, Xutos & Pontapés e Linkin Park são apostas sempre ganhas, até porque num Parque da Bela Vista tão grande cabem todos os públicos.
As reações ao concerto de Rolling Stones não foram consensuais. Houve quem não se impressionasse com as lendas vivas, ou por não conhecer parte das músicas, ou por estar à espera de decibéis mais altos vindos da multidão de 90.000 pessoas. E porque não tocaram a “Paint it Black” (grrr, esta fica guardada com mágoa). Mas, caramba, são os Rolling Stones. A imponência da língua de fora, a saúde de Mick Jagger a fazer quilómetros na frente do palco e aquele som granulado dos anos 60 durante duas horas deixam-nos com pele de galinha. E com aquela sensação triunfal de estarmos presentes num momento raro. A isto tudo somamos Bruce Springsteen.
Os Arcade Fire foram monumentais. A discussão reside na comparação com o concerto de 2011 no Meco (ou com outras atuações anteriores em palcos nacionais), mas, tendo sido ainda melhor ou ligeiramente inferior, estamos a falar de uma fasquia sempre altíssima. É tão difícil contar o número de músicos em palco como o número de peles que esta banda veste. Os confetis em “Here Comes The Night Time” são uma bela súmula da grande festa que o concerto foi.
Justin Timberlake, mais ou menos de mansinho, conseguiu levar à Cidade do Rock quase tanto público como Rolling Stones. E mais ruidoso. A organização avança que estiveram no último dia de Rock in Rio Lisboa 80.000 pessoas, a vibrar com os passos de dança do norte-americano e hits mundiais como “What Goes Around... Comes Around” ou “Cry Me a River” (entre tantos outros).
O Palco Mundo teve o condão de fazer com que a esmagadora maioria dos artistas quisesse deixar uma marca especial. Lembramo-nos de repente da selfie de Steve Aoki com o público, da forma como Jessie J passeou ao longo da grade (muito mais madura e poderosa que em 2012, quando atuou Sudoeste) ou da ousadia de Rui Pregal da Cunha na homenagem conjunta (com o próprio, Gisela João, Linda Martini e Deolinda) a António Variações.
Houve também lugar para algumas agradáveis surpresas. Da programação sempre competente do Palco EDP Rock Street destacaram-se Heymoonshaker, a primeira banda do mundo a misturar blues com beatbox, e Terra Celta, grupo brasileiro de música celta incansável e galvanizador como poucos.
O recinto, preenchido com marcas que investiram tudo (ou quase) nestes cinco dias, ficou cheio de cor, adereços e cenários para imagens perfeitas. O Rock in Rio é um fenómeno à parte e não há volta a dar.
Organização minuciosa e sem falhas relevantes. Pena a rigidez dos horários dos concertos não permitir mais encores. De negativo neste festival, só mesmo a enorme poeira, a ventania e um frio bastante chato durante a noite. E para 2016?
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