Ao lado de uma gigantesca sociedade industrial, o vasto território brasileiro abriga outros espaços onde as conhecidas realidades do progresso não chegaram. E é justamente num mundo (quase) imóvel das estruturas rurais que Itamar Vieira Junior, nascido na Bahia, situa a sua história.
E o que sobra deste mundo tradicional não é auspicioso, mas antes um cortejo de desgraças parcialmente feito por escolhas individuais, impostas pelos próprios pares imerso na ignorância e numa venenosa superstição, e por estruturas arcaicas ainda bem vivas – neste caso solidamente representadas pela Igreja.
A principal personagem é Moisés, morador da comunidade afro-indígena Tapera do Paraguaçu, membro de uma família numerosa que aos poucos assiste ao progressivo abandono da terra por aqueles que vão ficando adultos e que vão descobrir que a miséria dos centros urbanos é preferível àquela que deixam para trás no sertão inóspito.
A Igreja não fica propriamente bem na fotografia: pertencem a ela as terras cultiváveis e aqueles que tiram de lá a sua sobrevivência devem-lhe pagamento de impostos. Também é no antigo mosteiro que se ergue sobre a região que as crianças aprendem a ler – mas infelizmente as “benfeitorias” estão longe de esconder outra dura realidade.
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