"Trata-se de um festival caracterizado pela singularidade das propostas cujo objetivo passa pela criação de experiências raras no sentido de interpelar novos olhares e leituras novas através das artes", explicou, em conferência de imprensa realizada na Fábrica da Criatividade de Castelo Branco, Nuno Leão, da Terceira Pessoa.

A primeira edição do Singular - ciclo de criação artística pluridisciplinar - começa no dia 19 de outubro e estende-se até ao dia 12 de dezembro, apresentando sete momentos, entre espetáculos, instalações e performances, na Fábrica da Criatividade de Castelo Branco, um espaço municipal dedicado à criação artística e a projetos na área das indústrias criativas.

Caracterizada pelo cruzamento de várias disciplinas artísticas, a programação do Singular tem uma forte componente urbana, contemporânea e experimental e pretende afirmar-se como um projeto inovador no panorama cultural da região.

O ciclo arranca no próximo dia 19 com a instalação de João Dias, ‘Freezing Mass', uma obra escultórica ‘site-specific' com estruturas leves e de grande escala, que vai estar patente na fachada exterior do edifício da Fábrica da Criatividade, até ao dia 12 de dezembro.

Gustavo Costa, músico e compositor vai apresentar "PHOBOS", uma instalação sonora composta por um conjunto de pequenos ‘robots' e dispositivos de geração automática de música, que se agregam numa orquestra robótica disfuncional, uma orquestra de estranhos instrumentos com defeitos, mutações genéticas e comportamentos errantes.

A instalação inaugura no dia 29 de outubro, pelas 21:30, e pode ser visitada até ao dia 11 de novembro.

A dupla Sara Vaz e Marco Balesteros apresentam, no dia 11 de novembro, "Ensaios para Livro-Caractere", uma investigação sob a forma de ensaios, que abordam a luz e o corpo como personagens que assumem uma forma cénica e simultaneamente editorial.

Já no dia 18 de novembro, o coletivo LAMA leva ao palco do auditório da Fábrica da Criatividade "Romeu e Romeu", um espetáculo que parte da obra de Shakespeare para criar um lugar de provocação.

Outro espetáculo em estreia absoluta é "Silêncio", pela associação cultural Coletivo, no dia 25 de novembro.

Esta é uma performance que nasce a partir da obra de 1973 de Rúben A., "Silêncio para 4", onde atriz e espetador marcham sobre um manifesto cívico e político.

A programação do "Singular" é também marcada pela formação, estando agendado um ‘workshop' de dramaturgia nos dias 5 e 6 de dezembro, intitulado "EN-SAI-O".

Nesta oficina, desenvolvida por Ricardo B. Marques, o objetivo é olhar para o que habitualmente faz parte do modo operativo e do quotidiano, e a partir daí para a criação de algo diferente.

Para terminar a primeira edição deste ciclo, no dia 12 de dezembro, decorre a apresentação pública de "O Espaço Cura Tudo", pelo coletivo Os Espacialistas que, nas ruas da cidade de Castelo Branco, vão ao encontro do lugar do corpo e das suas ligações com as circunstâncias presentes.

Esta apresentação acontece depois de uma residência artística deste projeto de mediação transdisciplinar das ligações entre arte, arquitetura e educação.

Ana Gil, da Terceira Pessoa, explicou que, face às dificuldades que os artistas enfrentaram devido à pandemia da COVID-19 e dado que o ciclo Singular estava inicialmente previsto para se realizar em abril, maio e junho, foi decidido pagar aos artistas antecipadamente 50% da remuneração total.

"Trata-se de uma decisão nossa e que foi tomada por uma questão de ética", sustentou.

Já para os espectadores que pretendam assistir aos diversos espetáculos ou performances, o pagamento é decidido pelo próprio, sendo que o valor mínimo estipulado é de cinco euros.

Apenas a frequência do ‘workshop' de dramaturgia foi estipulada em 10 euros.

Nuno Leão explicou que estes valores servem para fazer face a algumas despesas de logística com os artistas presentes, atendendo a que o valor do financiamento do município de Castelo Branco e da Direção-Geral das Artes não cobre o total das despesas.