O júri que atribuiu o prémio, com o valor pecuniário de 4.000 euros, foi constituído pelos professores universitários Ana Maria Martinho, Cândido Oliveira Martins e Dora Gago.
Citado no comunicado da APCL, o júri destacou “a apreciável qualidade da investigação e da reflexão ensaística de Diogo Ramada Curto ao longo dos anos, ao convocar vários saberes, de forma fecunda e interdisciplinar, desde a História às Ciências Sociais, da Ideologia à Cultura, da Política à Cultura, das Artes à Literatura”.
“Com essa perspetiva teórico-crítica", prossegue a decisão do júri, "o ensaísmo do autor proporciona um enquadramento reflexivo plural sobre a dinâmica dos movimentos histórico-sociais, culturais e das mentalidades em Portugal, potenciando novas conexões e outros olhares interpretativos, discutindo ideias feitas, conclusões apressadas e consensos forçados”.
Diogo Ramada Curto, atual diretor da Biblioteca Nacional de Portugal, ainda segundo o júri, defende nesta obra que se “impõe sobretudo indagar o lugar e a função dos intelectuais portugueses, enquanto élite potencialmente transformadora, abarcando uma grande multiplicidade de escritores, artistas e pensadores”.
Deste modo – prossegue o júri sobre a obra distinguida -, Ramada Curto propõe-se questionar algumas linhas de inquérito, analisando o papel dessa elite e a sua "intervenção na evolução da designada mediocridade cultural e intelectual portuguesa, sobretudo desde a segunda metade de Oitocentos até à contemporaneidade".
"Indagando sobre a ação dos intelectuais e das suas relações com ideologias dominantes e o próprio Estado", conclui o júri, "o ensaísta interroga-se sobre possibilidades (frustradas) de pensar e superar sintomas de decadência e de mediocridade, de atrasos e bloqueios do campo cultural e literário”.
Diogo Ramada Curto, 65 anos, é professor catedrático e investigador na Universidade Nova de Lisboa, e publicou, entre outros ensaios, “O Colonialismo Português em África: de Livingstone a Luandino” (2020), “História, Arte e Literatura” (2019), “Estudos sobre a Globalização” (2016) e “História Política da Cultura Escrita” (2015).
Os vencedores ex aequo, no ano passado, do Prémio Jacinto Prado Coelho foram António Vieira, com "Elogio da Descrença", e Fernando J.B. Martinho, com "Aspectos do Legado Pessoano".
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