Catarina Furtado vai acompanhar minuto a minuto o desenrolar do concurso de talentos «A Voz de Portugal» que a RTP irá estrear em breve. A apresentadora irá deixar o palco para ficar lado a lado com as famílias dos concorrentes.
Como está a ser este desafio?
Estou hiperentusiasmada. Já faço este tipo de concursos de talentos há bastante tempo e cheguei à conclusão que temos um país com um poço sem fundo em que os talentos vão sempre aparecendo.
É um programa que, por outro lado, abre as portas a pessoas que também já andam nisto há muito tempo. Temos pessoas que estão há 20 anos no mundo da música, que cantam em bares, que fazem «back vocals», etc, e que até ganham algum dinheiro com isso, mas que nunca deram o salto, nunca tiveram o seu projeto gravado. E eu como também há 20 anos ando a fazer programas em que as pessoas testam o seu talento, gosto de ver que há novas oportunidades para essas pessoas que, entretanto, foram aperfeiçoando o seu talento, apostando em formação etc.
Já encontrou aqui pessoas de outros concursos?
Já. Encontrei do «Chuva de Estrelas» e da «Operação Triunfo». Pessoas que nunca deram o salto. Às vezes é preciso um outro momento porque o não terem passado noutro sítio deve-se a «n» fatores, nomeadamente o fator nervos. Muitos dos candidatos são traídos pelos nervos e não conseguiram fazer passar o seu verdadeiro valor e aqui têm uma nova oportunidade. Isso é fantástico. Depois também há a faceta de aparecerem miúdos de 18 e 19 anos, que nunca concorreram a nenhum concurso, que nunca fizeram um casting e que estão em diamante bruto a precisar de ser lapidados. Este programa tem uma ligação muito grande à internet e houve miúdos que apareceram de audições online (1200), outros que a produção - a CBV - foi buscá-los através do Youtube.
Como foi feita a seleção?
Houve um primeiro casting com 7 mil pessoas e que foram escoadas até chegarem a estes cerca de 100 cantores. Todos os que chegam a esta fase das gravações - «Prova Cega» - já cantam muito bem. Os que chegam aqui já têm essa garantia de uma excelente qualidade.
Qual é o papel dos mentores?
Não existem jurados, existem mentores. O programa a certa altura chega a ser comovente e eu já me comovi imenso, quer com as famílias porque estou sempre na sala com os avós, os pais e os tios, e rio e choro de alegria e de tristeza com eles. Mas também pela verdadeira humildade que é demonstrada pelos mentores. Isto porque quando um candidato consegue virar mais do que uma cadeira (convencer um mentor), o tal «poder» fica do lado dele. E é tão comovente ver pessoas com a carreira como o Rui Reininho, Paulo Gonzo, os Anjos e a Mia Rose a lutar por eles. Acho que isto faltava. Não existir diferenças entre aqueles que já têm carreira e os que não têm. Porque os que não têm foi porque não aconteceu um clique qualquer. Outro ponto forte deste programa é que eles podem ter o seu estilo. Ninguém os molda para terem um formato televisivo.
Qual é sua opinião sobre o fato de ser uma prova cega em que os mentores só ouvem a voz do concorrente sem lhes conhecer a imagem?
Acho interessantíssimo. Este formato dá a oportunidade às pessoas que já andam cá há muito tempo. Inevitavelmente nós em Portugal somos poucos e irá aparecer alguém que já foi a outros castings e pode ser reconhecido. Acabaria por ser uma opção não virgem e os nossos mentores já teriam alguma ideia feita sobre eles. Acho que é uma vantagem incrível até porque, infelizmente, temos tendência a escolher as pessoas mais bonitas ou mais carismáticas.
Estar junto das famílias é diferente de estar em cima do palco e de tudo o que fez até agora. Como está a ser a experiência?
Estou aqui com todas as famílias porque quero. No nosso programa não é preciso estarmos com todas as famílias porque neste formato não temos coisas burlescas, os chamados «cromos» e não sublinhamos muito quem não passa. Quando o fazemos é sempre pelo lado positivo, não é pelo choro, etc. Portanto, estou aqui com as famílias porque quero, porque percebo que para estas famílias e para estas pessoas isto é muito importante.
Às vezes as famílias até estão mais nervosas que os próprios concorrentes.
Ainda hoje um miúdo me dizia isso: «A minha mãe está mais nervosa do que eu». Ele sabia com o que podia ou não contar, ela está na expectativa de que ele possa realizar o seu sonho. Isso é muito bonito.
Estou aqui as horas todas. Cheguei às 9h30 da manhã e estarei aqui até ao final do dia que será à meia-noite. Estou aqui desde quarta-feira (dia 17), todos os dias, porque quero e já conheço as pessoas todas. O que irá para o ar será um terço ou menos.
Nas próximas fases do concurso qual irá ser o papel da Catarina?
A segunda fase vai ser o lançamento das batalhas (cada mentor terá 14 concorrentes na sua equipa). Na última fase será aquela em que sou mais necessária, é a fase das galas em direto e aí estarei no papel de apresentadora.
Passado tanto tempo a apresentar programas musicais, a música passou a ter um papel importante na sua vida? Dá por si a cantar mais vezes?
Cantar mais vezes não posso, porque gosto muito das pessoas com quem vivo (risos). Também sou uma pessoa responsável e apesar de não ter boa voz tenho um ótimo ouvido - os meus professores de dança diziam sempre «é impressionante, não afina mas tem um ouvido ótimo» - portanto sei o que canto. A música sempre fez parte da minha vida, mas não sou daquelas pessoas que sei de cor os nomes dos cantores... Aliás, há uma coisa muito engraçada neste formato que é o facto de eu não fazer ideia se eles cantam bem ou mal, o que me interessa são as vidas destas pessoas.
Além deste concurso está envolvida em mais algum projeto?
Estou, nos «Príncipes do Nada». Vou no dia 14 de setembro para Moçambique e fico lá dez dias. Vou bater muito na tecla da SIDA. Vim agora do Haiti onde estive 12 dias. Foi terrível mas é uma conversa que dava pano para mangas.
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