Enquanto a Disney+, HBO Max e AppleTV+ se lançam na guerra contra a Netflix e a Amazon na categoria de serviços de vídeo por assinatura (SVOD), outros atores como Tubi, Roku, Pluto ou Rakuten apostam em filmes e séries menos recentes e numa certa tolerância dos seus subscritores em relação à publicidade, adaptando, assim, o velho modelo dos canais de televisão abertos.
A plataforma californiana Tubi e a gigante japonesa Rakuten divulgaram as suas ambições europeias esta semana na MIPCOM, a feira de conteúdos televisivos de Cannes.
A Tubi planeia arrancar no Reino Unido em 2020, antes de expandir o seu serviço para outros países, e acaba de lançar uma oferta para crianças, com "Tartarugas Ninja" e o ursinho "Paddington".
A plataforma transmite 15000 filmes e programas, incluindo "Este País Não É Para Velhos" ou uma das últimas temporadas de "The Bachelorette". O serviço afirma ter 20 milhões de utilizadores mensais nos Estados Unidos.
A Rakuten TV anuncia uma oferta inicialmente disponível em televisões conectadas, com filmes de catálogos, mas também alguns inéditos, começando com uma série documental sobre o FC Barcelona comentada por John Malkovich.
"Ainda não existe uma plataforma gratuita poderosa na Europa", disse o seu CEO, Jacinto Roca, à AFP.
"Os espectadores serão assinantes de dois ou três serviços pagos. Consideramos que o AVOD [modelo financiado por anúncios] é um complemento natural das ofertas de VOD por assinatura (SVOD) e varejo (TVOD)".
A gigante norte-americana Viacom (Paramount, MTV, Nickelodeon) também demonstrou interesse ao comprar em janeiro o serviço Pluto TV por 340 milhões de dólares. O serviço, que oferece canais e reprodução de programas (replay), está disponível nos Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, Alemanha e Suíça.
Anúncios "inovadores"
Em todo o mundo, canais públicos e privados também estão a ver as suas ofertas de replay a atrair mais espectadores a cada ano; oferecem programas cada vez mais longos, às vezes até em pré-visualização.
A armadilha: evitar irritar o público com inúmeras páginas de publicidade. As plataformas norte-americanas devem obedecer aos hábitos dos europeus, que estão acostumados a ver menos anúncios no ar, de acordo com os regulamentos locais.
"Para instalar a Pluto TV na Europa, reduzimos o número de anúncios", confirmou o diretor da plataforma para o continente, Olivier Jollet, durante uma mesa redonda no MIPCOM.
O conteúdo gratuito deve ser um espaço privilegiado para os anunciantes, com publicidade "inovadora" e mais direcionada, diz Jacinto Roca, da Rakuten.
Essas ofertas despertam o interesse dos anunciantes "acostumados a comprar muita publicidade nos canais tradicionais", diz.
A Rakuten também promete apresentar "metade da publicidade" que os canais tradicionais e pretende atrair com esse visualizador de conteúdo gratuito telespectadores prontos para disponibilizar o o cartão de crédito para o seu serviço de VOD pago.
A Tubi promete de 4 a 5 minutos de publicidade por hora, segundo Farhad Massoudi. "A maioria das pessoas está perfeitamente bem com anúncios bem direcionados", garante.
As redes sociais também querem oferecer as suas próprias ofertas neste setor gratuito, para manter os subscritores o maior tempo possível.
O Facebook anunciou para sua plataforma Watch novas parcerias com Le Monde, M6 ou Tastemade.
O maior serviço global de AVOD, lançado em 2005 e comprado pelo Google, continua a ser o YouTube. Se a plataforma é a montra preferida dos formatos curtos, os produtores de programas televisivos também veem uma maneira de explorar títulos dos quais recuperaram os direitos.
Comentários