Uma atriz desconhecida de 24 anos, Emma Corrin, foi escolhida para interpretar a jovem Diana Spencer, imitando a sua voz suave e o olhar tímido. Interpretar aquela que é considerada a "princesa do povo" representa "muita pressão", admitiu Corrin ao jornal Sunday Times.
Diana aparece como uma adolescente ingénua e depois como uma noiva solitária, que tenta superar o tédio ao patinar pelos corredores do Palácio de Buckingham. Depois de casada, a personagem é vítima de angústia e bulimia.
Diana Spencer acabara de completar 20 anos quando, em 1981, se casou com o príncipe Carlos, que tinha mais de 30, herdeiro do trono e pressionado para encontrar uma esposa. O filho mais velho da rainha Isabell II aceitou casar com Diana, mas continuou apaixonado pela sua namorada da juventude, Camilla.
Retratado em temporadas anteriores como um jovem sensível e incompreendido, Carlos torna-se num marido frio e infiel, que critica a "fragilidade" da jovem esposa.
"Carlos foi provavelmente um pouco insensível, às vezes, mas não acredito que tenha sido arrogante ou indiferente, acredito que realmente tentou fazer o casamento funcionar", declarou à AFP Penny Junor, autora da biografia "Carlos, vítima ou vilão".
"Muito afetada pela sua infância"
Diana era uma jovem "muito afetada" pela sua infância: "A mãe saiu de casa quando ela tinha seis anos, ela cresceu sem sentir que era amada ou desejada", explica Junor. A rutura do relacionamento, com um pano de fundo de infidelidades, e as entrevistas concedidas pela princesa provocaram um escândalo que ainda hoje provoca comoção.
O novo diretor geral da BBC acaba de anunciar uma investigação independente sobre as práticas de um jornalista da emissora pública de rádio e televisão, Martin Bashir, que em 1995 conseguiu uma entrevista com Diana.
De acordo com o irmão da princesa, o conde Charles Spencer, Bashir apresentou documentos falsos para convencer Diana a participar na entrevista em disse: "Éramos três no casamento, é muita gente".
Na opinião de Junor, a princesa "queria provocar danos a Carlos, mas também era uma mulher muito frágil". "Acredito que muitas pessoas a exploraram para os seus próprios objetivos, incluindo a BBC", afirma.
O trio amoroso é uma das tramas da quarta temporada de "The Crown", ambientada no final dos anos 1970 e na década de 1980, um período conturbado para o Reino Unido, quando o IRA assassinou em 1979 Louis Mountbatten, tio-avô e mentor do príncipe Carlos, e o país entrou na guerra das Malvinas com a Argentina em 1982.
Um episódio é dedicado à quase inacreditável invasão do Palácio de Buckingham por Michael Fagan, que tinha 33 anos e estava frustrado com o desemprego e a separação da sua esposa. O britânico conseguiu entrar no quarto de Isabel II e acordou a monarca, que não perdeu a sua famosa compostura.
A rainha volta a ser interpretada por Olivia Colman, vencedora do Óscar de Melhor Atriz por "A Favorita' em 2019.
Na quinta temporada, Colman será substituída por Imelda Staunton, conhecida pelas jovens gerações como a cruel professora Dolores Umbridge da saga "Harry Potter", e que vai interpretar uma rainha já idosa.
A norte-americana Gillian Anderson, conhecida por "Ficheiros Secretos", é outro dos destaques da quarta temporada. Atriz veste a pele papel da inflexível Margaret Thatcher, a primeira mulher a ocupar liderar o Governo da Grã-Bretanha.
Sucesso do público e crítica, "The Crown", já venceu diversos prémios, incluindo três Globos de Ouro e 10 Emmys.
Setenta e três milhões de assinantes em todo o mundo assistiram a pelo menos uma parte da série, afirmou em janeiro Ted Sarandos, diretor de conteúdos da Netflix.
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