Augusto Santos Silva afirmou à agência Lusa que o departamento de Agenda da TVI comunicou-lhe ontem, pelas 16:45 horas, que o seu programa "Os porquês da política" foi cancelado, ato que classificou como "censura".
Em comunicado, a direção de informação da TVI esclarece que "a programação de hoje da TVI24 sofreu alterações em consequência de acontecimentos da atualidade".
A entrevista que o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, "dará esta noite, justifica, em nosso entender, a realização de um debate, com uma análise mais alargada", adianta, sublinhando que "este tipo de situação é comum nos canais de notícias do cabo".
"Às 16:45 horas, o departamento de Agenda da TVI comunicou-me que o meu programa na TVI24, que deveria ser transmitido a partir das 22:00 horas, fora cancelado, sendo emitido em alternativa um programa especial de análise à entrevista que o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, concede à SIC. Considero estar perante um ato de censura por parte da direção de informação da TVI", declarou Augusto Santos Silva.
Ministro dos governos de António Guterres e de José Sócrates, Augusto Santos Silva transmitiu esta posição após ter participado no ISCTE (Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Educação), em Lisboa, numa homenagem ao antigo ministro José Mariano Gago.
De acordo com o ex-ministro da Defesa e dos Assuntos Parlamentares dos executivos de José Sócrates, ainda esta segunda-feira a TVI confirmara que o programa "Os porquês da política" seria emitido na noite de terça-feira, razão pela qual se deslocou a Lisboa.
Apesar de a TVI ter rescindido unilateralmente o contrato para a sua presença como comentador, "através de uma comunicação escrita com 30 dias de antecedência", o professor universitário do Porto referiu que essa decisão teria efeitos a partir do final de julho, razão pela qual estavam previstos mais dois programas, um para esta semana, outro para dia 28.
"Porém, confrontaram-me agora com uma decisão administrativa. O que a direção de informação da TVI acaba de fazer é impedir que a rúbrica seja emitida, censurando-a. É uma decisão administrativa que me impede que seja realizado o meu direito como autor", insistiu o ex-ministro socialista.
Augusto Santos Silva, que tutelou a pasta da comunicação social entre 2005 e 2009, deixou ainda mais uma crítica à direção de informação da TVI: "Nunca acreditei que houvesse este atrevimento, mas tal acaba de ser confirmado", disse.
Também em comunicado, a estação de Queluz anunciou que o presidente da Câmara de Lisboa, o socialista Fernando Medina, passa a ser, "a partir de hoje, comentador regular da TVI24, para assuntos políticos".
Em setembro, o antigo secretário de Estado dos governos de José Sócrates terá um espaço de opinião semanal na TVI24.
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