Após comprar a Pixar (2006), Marvel (2009) e Lucasfilm (2012), a Disney anunciou na véspera da estreia de mais um "Star Wars" a maior jogada do mundo do entretenimento: a compra da 20th Century Fox, um dos estúdios gigantes de Hollywood.
O grupo de Rupert Murdoch, de 86 anos, concordou em vender várias parcelas da chamada 21st Century Fox por 52,4 mil milhões de dólares [44,3 mil milhões de euros]. Com o valor da dívida que a Disney também vai assumir, o negócio sobe para os 66 mil milhões.
O empresário e a sua família também passarão a ser um dos maiores acionistas da Disney, com 4,25%.
São tremendas as implicações e ultrapassam o poderoso catálogo com que a Disney ficará para o serviço de streaming que lançará em 2019 para concorrer principalmente com a Netflix, pois o grupo ficará com papel internacional muito mais importante: o acordo inclui o estúdio de cinema e também de televisão, canais por cabo como o FX e National Geographic, mais de 300 canais internacionais e 22 canais Fox Sports regionais.
Também estão os 39% que detinha dos canais por satélite Sky, 30% do serviço de streaming Hulu, 50% do grupo Endemol Shine e o serviço de televisão paga em rápido crescimento Star India.
Tudo isto integrava o império 21st Century Fox, que Rupert Murdoch pretende juntar à News Corp., focando as atenções nas áreas de notícias e desporto.
Por isso ficam de fora do negócio alguns segmentos lucrativos, nomeadamente o canal nacional Fox e as suas 28 estações, além dos canais por cabo Fox Sports e o controverso Fox News, e jornais de influência como o Wall Street Journal, New York Post, Times of London e vários títulos na Austrália. O estúdio físico em Los Angeles também não está incluído.
O negócio está ainda sujeito a aprovação pelos reguladores norte-americanos, mas Rupert Murdoch é um poderoso amigo do Presidente Donald Trump, cuja administração supervisiona esse processo.
Como consequência deste acordo histórico, Bog Iger, CEO da Disney, também prolongou o seu contrato até ao final de 2021, assegurando assim o principal papel na futura integração.
No comunicado, este mostrou-se “honrado e grato” por Rupert Murdoch, fundador da News Corp, ter confiado à sua empresa o futuro de negócios “que lhe demoraram uma vida a construir”.
“Este acordo vai aumentar substancialmente o nosso alcance internacional, permitindo que ofereçamos histórias de categoria mundial e plataformas de distribuição inovadoras a mais consumidores em mercados-chave pelo mundo”, afirmou Iger.
Por seu lado, Rupert Murdoch, citado pelo Financial Times, disse estar convicto de que a fusão, sob Iger, resultará numa "das maiores empresas do mundo”. O negócio representa a saída de Murdoch da área do cinema, onde entrou há mais de três décadas, quando comprou a 20th Century Fox, em 1985.
Em título, o Washington Post escreve que é uma “megafusão que vai abanar o mundo do entretenimento e dos media”.
A Disney e a 21st Century Fox divulgaram uma fotografia oficial com os dois em Londres.
Os gigantes de Hollywood vão passar dos atuais seis para cinco: Disney, Universal, Paramount, Warner e Sony.
A motivação principal para este gigantesco negócio é a escala crescente em redor dos conteúdos e distribuição: a gestão da Fox acredita que os primeiros não são viáveis a não ser que sejam distribuídos a uma escala maior, um departamento em que a Disney, como se pode ver só pelas receitas dos seus filmes, se tem destacado com grande sucesso.
No ano passado, a Disney ficou em primeiro lugar com 26% das receitas de bilheteira dos EUA, enquanto a Fox, foi terceiro com cerca de 13%.
Agora, a Disney e a Marvel voltarão a recuperar os direitos da saga "X-Men" e "Quarteto Fantástico". Terá ainda sagas para explorar como "Alien", "Planeta dos Macacos", "Predador", "Die Hard", "Kingsman", "Maze Runner" e "Avatar", de que o realizador James Cameron está a preparar quatro filmes. Ficará ainda na posse de vários clássicos, incluindo o único filme "Star Wars" excluído do acordo com a Lucasfilm: o primeiro de todos, de 1977.
Em televisão, fica com séries como "Uma Família Muito Moderna" e "Os Simpsons", que continuam a render muitos milhões.
E claro que "Os Simpsons", à semelhança de outros acontecimentos, já tinham antecipado o negócio num episódio da 10ª temporada (1998-99).
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