Uma tertúlia de homenagem ao realizador António-Pedro Vasconcelos, que morreu em março, vai realizar-se na próxima quinta-feira, na CineTenda do Chapitô, em Lisboa, anunciou hoje esta "casa de cultura e do espectáculo".

"Histórias do A-PV: Encontro com Amigos do Cinema" é uma iniciativa Cinetendinha, promovida pelo programador e jornalista Rui Pedro Tendinha, que se propõe "celebrar A-PV e conhecer melhor as suas histórias e os seus filmes", como se lê no comunicado divulgado na segunda-feira.

A sessão conta com a participação de atores que trabalharam com o realizador em filmes como "Call girl", “Os Imortais” e "Os Gatos Não Têm Vertigens", como Soraia Chaves, Joaquim de Almeida, Maria do Céu Guerra e João Jesus, sem esquecer o testemunho de Ana Zanatti, que coprotagonizou "O Lugar do Morto", nem os "muitos amigos" do cineasta.

De acordo com o anúncio do encontro, "serão várias gerações a dar testemunho da longa carreira de um dos fundadores do Cinema Novo português".

“Amigos, atores, produtores, família, todos têm histórias deste grande cineasta, um homem que também gostava de histórias e causas. Será uma noite de memórias boas, porque eram muitos a gostar deste homem”, afirma Rui Pedro Tendinha, citado no comunicado do Chapitô.

Nascido em Leiria em 10 de março de 1939, António-Pedro Vasconcelos morreu no passado dia 06 de março.

Foi realizador, produtor, crítico de cinema e professor, tendo fundado o Centro Português de Cinema, como indica a biografia patente na Academia Portuguesa de Cinema.

Assinou vários êxitos de bilheteira, como “O lugar do morto” (1984), “Jaime” (1999), “Os imortais” (2003) e “A Bela e o Paparazzo” (2010).

António-Pedro Vasconcelos também foi cronista e comentador televisivo, nomeadamente no programa “Trio d’Ataque”, na RTP.

Outro dos campos de intervenção do realizador foi na Associação Peço a Palavra, que dirigiu e através da qual se bateu publicamente contra a privatização da TAP.

No seu último projeto, a série documental "A Conspiração", que a RTP1 tem em exibição às segundas-feiras à noite, aborda “tudo o que esteve por trás da ‘Revolução dos Cravos’, contando com testemunhos de protagonistas que prepararam a revolta militar”, como se lê na sinopse da obra.

Quando António-Pedro Vasconcelos morreu, a Associação 25 de Abril referiu-se ao cineasta como um "civil de Abril", lembrando que também dirigiu o documentário "A voz e os ouvidos do MFA", "obra que lhe abriu as portas ao conhecimento e paixão sobre 'como se chegou ao 25 de Abril de 1974'”.

“A Conspiração” é um dos derradeiros projetos de António-Pedro Vasconcelos, a par da adaptação para cinema de “O Lavagante”, uma obra inacabada do escritor José Cardoso Pires.

Em março, o produtor Paulo Branco revelou que iria concluir o projeto do filme, remetendo para mais tarde o anúncio de quem o realizará.

Em 2022, numa entrevista à agência Lusa, António-Pedro Vasconcelos disse que “O Lavagante” era um filme que lhe interessava fazer “porque tem um grande conflito e ajuda os mais jovens a perceberem o que foi o fascismo”.

“É um filme de certa maneira mais duro sobre o que foi a ditadura. Peguei no conto, a família do Cardoso Pires aceitou que fizesse a adaptação", explicou António-Pedro Vasconcelos.