O festival internacional de cinema Cinalfama, que começa na segunda-feira, vai dar a conhecer os primeiros resultados de um projeto-piloto de recolha de histórias e memórias de Alfama, um dos bairros mais antigos de Lisboa.
Este festival, criado em 2022 pela Associação Cinalfama, propõe uma celebração do cinema independente, com sessões gratuitas nas Escadinhas de São Miguel e no Museu do Fado, em Alfama, até ao dia 26 de julho.
A par da programação de cinema, este ano a organização irá mostrar “os primeiros fragmentos” de um projeto-piloto intitulado “Recolhas filmadas de histórias e oralidades de Alfama”, um bairro histórico de Lisboa, com séculos de História e onde convivem moradores e turistas.
Os fragmentos a apresentar partem de um processo em curso de digitalização de acervos fotográficos e documentais de clubes recreativos de Alfama e está prevista uma recolha documental de vídeos junto dos moradores.
Em nota de imprensa, o diretor do festival, João Gomes, explica que a ideia é envolver o Arquivo Municipal de Lisboa e a Cinemateca, e convocar realizadores “para explorarem Alfama e as suas questões identitárias através de filmes produzidos pelo Cinalfama”.
Os realizadores Pedro Costa, Leonor Teles e Pedro Cabeleira são três nomes avançados pelo festival para este projeto, aos quais se junta a equipa do Cinalfama, com Edgar Morais, Agnes Meng, Denise Fernandes, João Gomes e Gabriela Nobre.
Este projeto surge de um desejo que remete para 2009, quando a Associação Cinalfama foi criada, para refletir sobre “um esvaziamento e perda de identidades culturais” do bairro, como se lê na página oficial.
Nesta terceira edição do Cinalfama serão mostrados 50 filmes, entre os quais “Judgment in Hungary” (2014), da realizadora húngara Ezster Hadju, que abrirá o festival.
Este filme já tinha sido exibido na primeira edição e é repescado pela atualidade, porque “apresenta uma reflexão em torno do julgamento de crimes de ódio contra membros da comunidade cigana”. Depois da sessão haverá um debate da realizadora com o investigador Rogério Roque Amaro.
Os filmes “Casa Bonjardim”, de Camille Salvetti, a partir da demolição de uma casa em ruínas no Porto, “Tempestades – Ensaio de um ensaio”, de Uli Decker, sobre o Teatro Griot, e a curta-metragem brasileira “Meninas Fumicida”, de João Paulo Miranda Maria, são algumas das propostas do festival.
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