Entre as dez longas-metragens em competição, a escolha do júri constituído por Ricardo Cabaça, Letícia Constant e João Cayatte (Presidente do júri) recaiu sobre
«Cores» (na imagem) «pela densidade poética e ousadia estética de um filme em branco e preto apesar de se chamar Cores», ressalvou Letícia Constat, «um filme que através do não dito, do silêncio, diz a palavra que procuramos», concluiu. A película arrebatou ainda o prémio de Melhor Realizador, para Francisco Garcia, e atriz, para Simone Lliescu.
O cineasta não pôde estar presente, mas enviou uma mensagem de agradecimento ao júri e ao festival, na qual explicou ««Cores» é meu primeiro filme de longa-metragem. Um filme que fala sobre amizade, minha geração e sobre o momento histórico de meu país. Bastante pessoal, CORES é um filme de baixo orçamento, rodado no meu bairro, sobre o meu universo e com atores amigos desconhecido».
O júri atribuiu ainda uma menção honrosa ao filme
«Impunidades Criminosas», do moçambicano Sol de Carvalho, que dedicou o prémio às mulheres que em Moçambique continuam a resistir ao problema da violência doméstica. Serra Pelada do brasileiro Heitor Dahlia conquistou o prémio do público e o prémio de melhor ator para Juliano Cazarré.
Pelo primeira vez na história do festival, o género documentário entrou de forma autónoma na premiação do FESTin. O júri composto por José António Ricardo (presidente do júri), Roni Nunes e Paulo Portugal elegeram
«De Armas e Bagagens», de Ana Delgado Martins, sobre o retorno de milhares de portugueses de Angola depois da independência como Melhor Documentário pela «escolha elaborada e bem conseguida de conciliar a parte histórica com imagens de arquivo e as entrevistas, bem como a própria filmagem».
Nos 40 anos do 25 de Abril, acontecimento que marcou a programação desta 5ª edição «é um tema que nos toca a todos», concluiu o presidente do júri de documentários. Ana Delgado Martins recebeu um prémio monetário no valor de 800 euros. A realizadora agradeceu a toda a equipa e convidou todos os presentes a acompanharem a carreira do filme, que teve a sua estreia mundial no FESTin, através da página do facebook, «hoje em dia é assim, temos que pedir às pessoas para fazerem um like no facebook!».
«Azul Alvim», de José Paulo Valente, sobre a vida do guitarrista Fernando Alvim, ganhou o Prémio do Público nesta categoria. A autora do guião, Margarida Mercês de Mello agradeceu, comovida, o prémio, em nome do realizador e da pequena equipa que realizou o documentário.
Nas curtas-metragens,
«Acalanto», do realizador brasileiro Arturo Sabóia, juntou um prémio no valor de 500 euros a uma já considerável coleção arrecada em festivais no Brasil e no estrangeiro, tendo sido considerado pelo júri constituído por António Câmara Manuel, Geraldo Valentin Valentin e Maria João Coutinho (Presidente do júri) como a melhor curta entre as 23 em competição.
O júri atribuiu também uma menção honrosa a
«Leve-me Pra Sair», de José Agripino, «pela coragem dos jovens que testemunharam contra o preconceito homófico ainda tão presente nos nossos dias", ressalvou a presidente do júri. «Perto», do português José Retré, foi a escolha do público na categoria de curtas-metragens. O realizador agradeceu a oportunidade de estar presente no FESTin e a toda a equipa de um «filme feito graciosamente por todos os que nele participaram. É um prémio que deixará orgulhosa toda a equipa», referiu ainda Retré.
A noite terminou com a exibição da comédia
«Vendo ou Alugo», de Betse de Paula que subiu ao palco para desejar que o mesmo «possa contaminar de alegria o Cinema São Jorge», e com uma festa de despedida no foyer do cinema.
Nesta 5ª edição o FESTin contou com a presença de 54 convidados, entre realizadores e outros representantes de filmes. Dedicou uma atenção especial aos 40 anos do 25 de Abril, assinalando paralelamente os 50 anos do golpe militar no Brasil, acontecimentos que marcaram a história recente de todos os países lusófonos. Pela primeira vez convidou um país não lusófono a integrar a programação do festival, escolhendo França para inaugurar este novo espaço pelo forte incentivo às coproduções com países africanos. Cabo Verde foi o quinto país lusófono a ser homenageado no festival, com a exibição de um conjunto de filmes recentes e produções mais antigas.
Eis a lista completa de vencedores:
Melhor Longa-metragem (Júri): «Cores», do realizador Francisco Garcia (Brasil)
Melhor Documentário (Júri): «De Armas e Bagagens», de Ana Delgado Martins (Portugal).
Melhor Curta-metragem (Júri): «Acalanto», do realizador Arturo Sabóia (Brasil)
Melhor Realização (Júri): Francisco Garcia, do filme «Cores» (Brasil)
Melhor Atriz (Júri): Simone Iliescu, do filme «Cores» (Brasil)
Melhor Ator (Júri): Juliano Cazarré, de «Serra Pelada» (Brasil)
Menção Honrosa (Júri de longa-metragem): «Impunidades Criminosas», do realizador Sol de Carvalho (Moçambique)
Menção Honrosa (Júri de curta-metragem): «Leve-me Pra Sair», do realizador José Agripino (Coletivo Lumika), Brasil.
Melhor Longa-metragem escolhida pelo público: «Serra Pelada», de Heitor Dhalia (Brasil)
Melhor Curta-metragem escolhida pelo público: «Perto», de José Retré (Portugal)
Melhor Documentário escolhido pelo público: «Azul Alvim», de José Paulo Valente (Portugal)
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