O realizador Mário Barroso concluiu este mês a rodagem do filme “Lavagante”, um projeto que o cineasta António-Pedro Vasconcelos queria fazer, a partir de uma obra de José Cardoso Pires, disse à Lusa fonte da produção.
“Lavagante” conta com interpretações de Júlia Palha, Francisco Froes, Nuno Lopes, Diogo Infante, Leonor Alecrim, Rui Morrison, entre outros, e a produção é da Leopardo Filmes.
A adaptação da obra de Cardoso Pires era um projeto antigo de António-Pedro Vasconcelos, que chegou a ser anunciado como um telefilme no âmbito da iniciativa “Trezes” da RTP com a Marginal Filmes, mas acabou por transitar para as mãos do produtor Paulo Branco.
Em entrevista à agência Lusa em 2022, António-Pedro Vasconcelos contava que “Lavagante” era um filme que lhe interessava “porque tem um grande conflito e ajuda os mais jovens a perceberem o que foi o fascismo”.
“É um filme de certa maneira mais duro sobre o que foi a ditadura. Peguei no conto, a família do Cardoso Pires aceitou que fizesse a adaptação", explicou António-Pedro Vasconcelos, que assinou o argumento adaptado.
Com a morte de António-Pedro Vasconcelos em março passado, aos 84 anos, Paulo Branco revelou que, em homenagem ao cineasta, concluiria o projeto ainda este verão, com um novo realizador, entrando Mário Barroso, que também assina a direção de fotografia.
“Lavagante, Encontro Desabitado” foi publicado pelo editor Nelson de Matos em 2008, para assinalar os dez anos da morte de José Cardoso Pires, recuperando um texto que o autor escrevera e deixara em processo de trabalho nos anos 1960.
Na altura, o editor Nelson de Matos descreveu este conto inédito como uma "história de amor" num cenário marcado pela "censura, a polícia política, a revolta estudantil de 1962, as perseguições e prisões políticas".
No filme, Júlia Palha é Cecília, uma estudante de Arquitetura que se envolve com Daniel (Francisco Froes), um médico oposicionista ao autoritarismo de Salazar.
A produtora diz que esta é “uma história de amor intemporal que tem como pano de fundo a evocação do que foi quase meio século de ditadura, através do relato de um dos períodos mais violentos do salazarismo: a repressão brutal da luta dos estudantes em 1962 na Cidade Universitária”.
O filme “Lavagante” conta com apoio financeiro do Instituto do Cinema e do Audiovisual e do Fundo de Apoio ao Turismo e ao Cinema.
Mário Barroso, que foi diretor de fotografia no último filme de António-Pedro Vasconcelos, “Km 224” (2022), assinou, enquanto realizador, filmes como “O milagre segundo Salomé” (2004), “Um amor de perdição” (2008) e “Ordem Moral” (2020).
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