José Barahona morreu em casa, em Lisboa, em consequência de doença prolongada, referiu a mesma fonte.

O realizador tinha estreado em outubro passado o filme de ficção “Sobreviventes”, que coescreveu com José Eduardo Agualusa e no qual abordava a questão do colonialismo e escravatura.

Nascido em Lisboa em 1969, José Barahona formou-se na Escola Superior de Teatro e Cinema e completou estudos nos Estados Unidos e em Cuba, escreveu argumentos, foi técnico de som, produziu e realizou a partir dos anos 1990.

Trabalhou com Margarida Cardoso, Rita Azevedo Gomes, Sérgio Tréffaut, Rosa Coutinho Cabral ou Fernando Vendrell, e assinou os primeiros filmes no registo de documentário, com uma curta-metragem sobre o compositor Vianna da Mota (de quem era bisneto) e com o filme “Anos de Guerra – Guiné 1963-1974” (2000).

Entre os seus filmes mais conhecidos conta-se a primeira longa-metragem de ficção “Estive em Lisboa e Lembrei de Você”, uma coprodução luso-brasileira a partir de uma obra do escritor Luiz Ruffato.

O filme representa ainda uma ligação de José Barahona ao Brasil, onde viveu e trabalhou, nomeadamente na produtora Refinaria Filmes, da qual fazia parte.

As questões sobre colonialismo ou militância política estiveram presentes noutras obras de José Barahona, nomeadamente em “Alma Clandestina” (2018), sobre Maria Auxiliadora Lara Barcelos, que lutou contra a ditadura no Brasil, e o premiado “Nheengatu – A Língua da Amazónia” (2020), no qual o realizador procura o rasto de uma língua imposta aos nativos da Amazónia pelos antigos colonizadores.

Em 2010 fez no Brasil o documentário e lançou o livro “O manuscrito perdido”, a partir da personagem de ficção Fradique Mendes.