O cinema francês continua de vento em popa, com o ano de 2011 a ter sido alvo de três fenómenos singulares e inesperados de bilheteira no hexágono, três fitas a que, devido aos seus próprios temas, ninguém augurava qualquer tipo de êxito de público:
«O Artista»,
«Amigos Improváveis» e
«A Fonte das Mulheres», este último agora em exibição em Portugal.
Totalmente falado em árabe, que alguns dos atores aprenderam para poder fazer o filme,
«A Fonte das Mulheres» decorre numa pequena aldeia muito pobre algures entre o Norte de África e o Médio Oriente, em que as mulheres sofrem os maiores riscos físicos para irem buscar água a uma fonte longínqua, muitas delas abortando devido às quedas provocadas pelo caminho pedregoso. A solução, numa aldeia onde até já há telemóveis, passa pelo desafio mais radical de todos: fazer greve de sexo até os homens, que praticamente não trabalham, arranjarem uma forma alternativa de fazer chegar água àquele local.
Radu Mihaileanu, um cineasta romeno que tem feito a sua carreira em França, foi aqui buscar inspiração a uma historia antiga passada na Turquia, e serviu-se dela para reflectir nos extremismos de várias cores e origens, nas múltiplas leituras do Corão, na importância da educação e na própria condição feminina. Contra todas as probabilidades, conseguiu mais um impotante sucesso de bilheteira, numa carreira que tem sido dominada por eles, nomeadamente
«Vai e Vive» e
«O Concerto».
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