Se o seu primeiro filme,
«Ainda há Pastores?», apesar do falatório que gerou em seu redor, não conseguiu sequer ser seleccionado para competição no DocLisboa,
Jorge Pelicano, com a sua segunda película, chegou, viu e venceu no maior festival português de cinema documental:
«Pare, Escute, Olhe» não só entrou na competição oficial do DocLisboa como arrebatou os prémios de Melhor Longa-Metragem Portuguesa, Melhor Montagem e o Prémio Escolas (atribuído por um júri de alunos do liceu).
No mesmo dia, foi galardoado no Cine-Eco - Festival Internacional de Cinema Ambiente de Seia com o Grande Prémio do Ambiente, o Grande Prémio da Lusofonia e o Prémio Especial da Juventude. O corolário lógico destes troféus é a estreia em cinema, de que
«Ainda há Pastores?» não chegara a beneficiar.
«Pare, Escute, Olhe» centra-se nas consequências da decisão política de encerrar metade da linha ferroviária do Tua, entre Bragança e Mirandela, em Dezembro de 1991. A partir de 2007, acompanhamos pela câmara de Jorge Pelicano o dia a dia das populações locais, envelhecidas e isoladas numa terra deixada para trás pelo progresso, lamentando de forma resignada o esquecimento a que foram votadas pelo governo central.
Ao longo do período de dois anos que o filme acompanha (entre 2007 e 2009), o troço de comboio ainda em funcionamento vai-se degradando até, devido aos acidentes, terminar de forma aparentemente definitiva. A machadada final deverá ser a construção de uma barragem, que inundará aquela que é considerada uma das três mais belas linhas ferroviárias da Europa.
Jorge Pelicano, de 33 anos, repórter de imagem da SIC, toma objectivamente o lado das populações locais, num filme que promete não deixar ninguém indiferente.
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