O protocolo de coprodução cinematográfica entre Portugal e o Brasil vai ser retomado, depois de ter sido interrompido durante a presidência brasileira de Jair Bolsonaro, revelou hoje à Lusa o presidente do Instituto do Cinema e do Audiovisual (ICA).
“O acordo luso-brasileiro vai ser retomado. O protocolo é revisto, atualizado e modernizado”, afirmou Chaby Vaz à margem do encontro “Diálogos Culturais Luso-Brasileiros”, que decorre na Casa da América Latina, em Lisboa.
Portugal e o Brasil firmaram em 1981 um acordo - que foi sendo atualizado ao longo das décadas seguintes - para “concretizar as relações cinematográficas entre os dois países” e que se traduziu na coprodução de longas-metragens portuguesas e brasileiras, com financiamento dos dois Estados.
Porém, durante a vigência da presidência brasileira de Jair Bolsonaro – com um criticado desinvestimento na área cultural -, o protocolo “não foi abandonado do ponto de vista formal, mas não foi concretizado”, lembrou Luís Chaby Vaz.
A parceria deverá ser retomada ainda este ano, com previsível reabertura de candidaturas no segundo semestre.
O anúncio do retomar da parceria luso-brasileira surge hoje, no dia em que o novo presidente do Brasil, Luís Inácio Lula da Silva, inicia uma visita de Estado de cinco dias a Portugal.
Segundo Chaby Vaz, o protocolo contará com 350.000 euros de apoio financeiro de Portugal – o anterior valor era de 300.000 euros – e com outro montante igual da parte do Brasil, para apoiar a coprodução de quatro longas-metragens.
Uma das conversas realizadas hoje na Casa da América Latina, em Lisboa, foi sobre o mercado de cinema e audiovisual de Portugal e Brasil, com a participação de Chaby Vaz, da presidente da Associação Portuguesa de Produtores Independentes (APIT), Susana Gato, da secretária do Audiovisual do Ministério da Cultura do Brasil, Joelma Gonzaga, e da realizadora Liliane Mutti.
No debate foi manifestado o interesse de que aquele protocolo se estenda também ao audiovisual, dado o crescimento da produção neste segmento em Portugal nos últimos quatro anos, como sublinhou Susana Gato.
“Estamos num bom momento para reforçar a parceria com o Brasil”, disse a presidente da APIT, corroborada por Liliane Mutti, que é conselheira na BRAVI, entidade brasileira que congrega mais de 600 produtoras de cinema e audiovisual.
No debate, o presidente do ICA manifestou-se favorável à entrada do audiovisual no protocolo, mas lembrou que para tal é preciso uma revisão mais profunda, política e diplomática entre os dois países.
Joelma Gonzaga sublinhou a intenção do executivo brasileiro de retomar o investimento no setor do cinema e audiovisual, focado na “igualdade de género e na transformação social”.
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