A caminho dos
Óscares 2025
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Adrian Quesada, músico norte-americano dos Black Pumas com raízes mexicanas, espera que a presença nos Óscares de alguém da cidade fronteiriça de Laredo, no Texas, sirva de inspiração para outras pessoas de comunidades minoritárias.
"Acho que a representação nas artes é uma coisa importante", disse à agência France-Presse (AFP) em Los Angeles durante a promoção da sua poderosa canção "Like a Bird", do drama prisional "Sing Sing", nomeada na categoria de Melhor Canção Original.
"Se for um miúdo a ver MTV ou filmes ou TV, quando se vê realmente pessoas que se parecem connosco por aí, que sabemos que vêm da nossa cultura, isso inspira a próxima geração."
Os Black Pumas são uma das bandas mais eletrizantes desde o álbum de estreia homónimo editado em 2019. O seu guitarrista foi um dos autores e interpreta com Abraham Alexander "Like a Bird", que fecha o filme.
A nomeação é uma das três para "Sing Sing", que conta a história real de Divine G (Colman Domingo), um preso condenado injustamente que encontra um escape através de um grupo de teatro da prisão.
Antigos presos que participaram no programa de teatro da vida real atuaram no filme, que foi dirigido por Greg Kwedar.
Domingo está nomeado para Melhor Ator e ainda surge a competição para Melhor Argumento Adaptado.
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Quesada e Alexander não tinham os seus olhos postos na temporada de prémios de Hollywood quando aceitaram participar, e o primeiro admite que tem sido 'surreal' ser apanhado na festa anual da 'Tinseltown'.
"Ainda é algo difícil de processar", disse. "Às vezes, ainda acordo e não consigo acreditar nisso."
Quesada não é estranho a aplausos, recebendo várias nomeações para os Grammy durante a sua longa carreira e ganhando um pelo seu trabalho com os Grupo Fantasma, a banda de funk latino de Austin.
Mas ele admite que uma nomeação da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas é algo especial.
"Os Óscares pareciam simplesmente um mundo tão diferente", disse.
História verdadeira
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"Like a Bird" enfrentará uma competição forte para a cerimónia de 2 de março.
Os outros nomeados são "El Mal" e "Mi Camino", do narcomusical "Emília Pérez;" "Never Too Late", do documentário "Elton John: Never Too Late"; e "The Journey", de "Batalhão 6888", da compositora veterana Diane Warren, que nunca ganhou na categoria, apesar de ter sido antes nomeada 15 vezes.
Inspirada no enredo de "Sing Sing", a música encapsula o desejo de liberdade de alguém que não consegue seguir os seus sonhos.
Para Quesada, que diz acreditar firmemente em segundas oportunidades e reabilitação através das artes, participar no projeto foi um convite que achou impossível recusar.
A importância de ver os presos como mais do que os seus crimes tem sido destacada por seu papel em ajudar a conter os enormes incêndios florestais que devastaram Los Angeles no mês passado, com equipas de detidos a trabalhar ao lado de bombeiros.
"Temos presos... a apagar fogos para a comunidade e depois a terem de voltar para a prisão... apagando esses fogos de casas que nem podem pagar", disse Quesada.
"Acho que este filme realmente traz à superfície muita humanidade."
Participar em "Sing Sing" não foi sem dificuldades, especialmente quando se tratava de encontrar tempo em que ele e Alexander estivessem disponíveis.
"Foi como se nunca estivéssemos na mesma sala para fazer isto", riu.
"Ele veio ao meu estúdio, mas eu estava a viajar, e quando ele foi embora, regressei eu."
Ganhar um Óscar seria 'uma grande honra", admite o guitarrista.
Mas ele diz que seria uma honra partilhada por todos os que trabalharam em "Sing Sing".
"Acreditamos na nossa música, mas acho que somos parte de algo maior aqui, que é a mensagem do filme", disse à AFP.
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