“Venho todos os anos, desde há 50 anos, vi Elton John [1971] e U2 [1982]. Cheguei a ver Madredeus no palco antigo, a relva com 20 centímetros e o pessoal saltava. Agora, acho que as pessoas não vêm por causa das bandas, mas por já ser uma tradição de várias gerações”, descreveu à Lusa António Varandas, de 74 anos, que se deslocou com a mulher desde a Póvoa de Varzim, no distrito do Porto, para Caminha, no distrito de Viana do Castelo.
No dia de abertura da edição deste ano, o festival estreou-se com um dia gratuito dedicado à música portuguesa, como compensação pelo cancelamento dos The Queens of The Stone Age, que eram quem David Santos e Ângela Ferreira, de 27 anos, queriam ver - vieram na mesma, desde Barcelos, porque o alojamento estava reservado e quiseram conferir o ambiente “fixe e diferente” relatado sobre Vilar de Mouros.
“Nem tínhamos comprado o bilhete [para Queens of The Stone Age], porque se falava da possibilidade de cancelamento. Mas tínhamos o alojamento. Viemos, aproveitámos que o dia era gratuito e o facto de serem bandas portuguesas que também apreciamos”, explicou o casal.
Sobre o cancelamento que tornou a edição deste ano diferente, Paulo Ventura, da organização, disse esperar “um dia muito bonito e com muita gente”.
“Acima de tudo, tenho uma grande curiosidade”, afirmou.
O responsável recusa, contudo, que o cartaz esteja mais fraco.
“Não pode estar mais fraco. Tem vindo a melhorar e todos os anos temos tido mais gente. Este ano é diferente porque o cartaz ficou mais fraco. O cartaz ficou sem um ‘headliner’. Mas, até há três semanas, tínhamos um cartaz tão bom como os anteriores”, defendeu.
O septuagenário António Varandas tem opinião contrária: “A melhor banda deste ano é a que nem era para vir – os Waterboys”.
Os galegos Maria José e Carlos Gonçalvez, de 46 e 69 anos, são visitantes assíduos do festival, desde há 20 anos, mas “já não pelo cartaz”.
“Já não vimos pelo cartaz. Ainda havemos de vir noutro dia e hoje teríamos vindo se não fosse grátis. Gostamos muito da música, do ambiente e fica perto [de O Rosal, onde residem]”, observou Carlos Gonçalvez.
Cátia Garrido, de 38 anos, chegou sozinha com os filhos de 9 e 6 anos. Foi ideia dela, mas admite que “é preciso coragem” levar as duas crianças.
Pedro, o mais novo, deixou-se levar seduzido “pela comida”, porque a mãe queria ver GNR.
Pelas 16h00, antes da abertura das portas, Celeste Lírio, de 51 anos, esperava na fila ao sol na companhia de quatro amigas “do ginásio”, vindas de Viana do Castelo.
O exercício físico está de férias, mas “os convívios continuam” e a disponibilidade do grupo para a noite de hoje, pelo que o facto de ser gratuito não condicionou a opção.
Natural de Miranda do Douro, Sandra Esteves foi para Vilar de Mouros com o marido, “minhoto de Paredes de Coura”, e um grupo de mais seis pessoas “para ver os Delfins”.
“Para ver os Delfins vínhamos de França. Não importa se é gratuito. Já estivemos em Lisboa e vamos ver no Porto”, assegurou.
O festival arrancou com dia gratuito de música portuguesa, com as atuações de Delfins, GNR, Legendary Tigerman, o projeto Amália Hoje e os locais Fogo Frio.
Até sábado, atuam The Cult, The Darkness, The Libertines, The Waterboys, Soulfly, Moonspell, Ramp ou Ornatos Violeta.
O primeiro festival de música do país, que ainda hoje goza da fama do "Woodstock à portuguesa", aconteceu em 1971 em Vilar de Mouros, tendo sofrido um interregno de oito anos, entre 2006 e 2014.
A primeira edição, em 1971, lançada pelo médico António Barge, contou com a presença, entre outros, de Elton John e Manfred Mann.
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