Agendado para o estádio municipal de Leiria, a 14 de setembro, em estreia exclusiva em Portugal, o Rockin’1000 surgiu em Cesena (Itália), em 2015, como um convite em formato vídeo aos norte-americanos Foo Fighters para atuarem na cidade. Cresceu nos anos seguintes, reunindo, atualmente, cerca de 80.000 músicos do mundo inteiro como potenciais participantes.
“Ali não há egos, sejam músicos profissionais ou amadores os egos desaparecem. Vamos pela música e pelo convívio”, disse à agência Lusa Ricardo Rego.
A primeira oportunidade de participar, em Frankfurt (Alemanha), em julho de 2019, tinha surgido um ano antes, quando estava em Milão a caminho de um festival de música e viu cartazes a anunciar um concerto do Rockin’1000 num estádio em Florença.
Natural do Porto e quadro superior da Sonae, Ricardo, hoje com 42 anos e “músico 100% amador”, já seguia o projeto à distância - desde o célebre vídeo de “Learn To Fly”, a versão dos Foo Fighters gravado em Cesena em 2015 pelos 1.000 músicos, que tem hoje mais de 64 milhões de visualizações no Youtube.
Dessa vez, decidiu-se a tentar a sua sorte e a inscrever-se na plataforma do projeto, tendo sido selecionado para o concerto alemão.
“Foi uma experiência inacreditável. O único concerto que tinha dado até então foi na escola, no secundário, para 30 pessoas e depois em 2019 toquei para 18 mil, no estádio do Eintracht de Frankfurt”, recordou.
Depois da estreia, voltou a colaborar com o projeto Rockin’1000 em mais três ocasiões, uma delas no ano passado, em novo concerto de estádio, desta vez no recinto do Atlético de Madrid, “uma experiência também incrível” perante 35 mil espetadores.
Com conhecimentos de bateria, baixo e guitarra, Ricardo Rego opta pelo baixo nas suas inscrições no Rockin’1000, por ser um instrumento, à partida, com menos candidatos e onde alegou ser mais fácil conseguir vaga.
“A coisa que mais marca é a forma como eles [os promotores] conseguem gerir tudo através de uma ‘app’ [a aplicação informática em que o projeto se sustenta]. Estamos a falar de 1.000 músicos que vão tocar duas horas juntos e o mais que estiveram juntos foi dois dias antes [nos ensaios no estádio], recebem tudo na 'app', os tutoriais, as tablaturas para tocar as músicas e ir ensaiando”, explicou.
A aplicação permite ainda que a organização possa gerir as músicas do alinhamento e saber as pessoas “que vão tocando mais ou menos”, mas também a realização dos ensaios, com horários distintos para cada instrumento, sem que haja qualquer comunicação verbal com os músicos.
“Depois, no dia, toda a gente chega, instalam-se no relvado, e o incrível é que ao primeiro 'take', pessoas que nunca tocaram juntas tocam a música em perfeita sintonia do princípio ao fim. Às vezes, numa banda é difícil três pessoas tocarem juntas e ali, 1.000 músicos a tocarem juntos, à primeira e bem, foi o que mais me marcou”, reafirmou.
A 'app' possui ainda um sistema de quotas, aquando das inscrições, aplicado a cada país que o Rockin’1000 visita, “para dar a oportunidade a músicos locais de participarem”, revelou o músico português.
Outro momento que marcou Ricardo Rego foi a primeira vez que ouviu 200 baterias a tocar ao mesmo tempo (para além destas são 300 guitarras, 200 baixos, 50 teclados e 250 cantores), argumentando que todo o recinto vibra.
O repertório desse dia 07 de julho de 2019 foi revelado por Ricardo, com comentários, na Arte Sonora, publicação para a qual assinou um texto a seguir ao concerto de Frankfurt.
Temas dos Nirvana, Led Zeppelin, The Clash, Oasis, Rolling Stones, Bruce Springsteen e Range Against The Machine, entre outros, fizeram parte, na altura, do alinhamento de 18 músicas, em que se incluíam ainda três músicas alemãs (em Leiria também vão existir temas do rock português) que Ricardo Rego desconhecia em absoluto.
Em duas delas, aliás, chegou a desligar o volume do amplificador “porque ia fazer mais bem do que mal”, brincou.
“Mas é um desafio e um desafio bom para aprender, diria que qualquer músico de nível médio consegue participar”, vincou.
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