“É uma experiência ‘sui generis', será uma coisa única. Eu não sei o que vai acontecer, e as coisas que são uma incógnita são um grande desafio”, disse à agência Lusa Pedro Abrunhosa, sobre a sua participação no concerto que reunirá mil músicos de todo o mundo no estádio Dr. Magalhães Pessoa.
“Fazer o que ainda não foi feito” (do álbum “Longe”, de 2010, o primeiro com os Comité Caviar) foi a canção escolhida pela organização do Rockin’1000 e proposta ao músico, que admite ter um título “que se adequa a esta experiência”.
“É uma canção relativamente simples de tocar, mas que tem uma assinatura muito própria, nomeadamente na guitarra [que se faz ouvir logo na abertura do tema]. A guitarra tem aquilo que nós chamamos um ‘riff’, e ter mil músicos - não serão mil guitarristas, mas 500 guitarristas a fazer aquele ‘riff’ – vai ser uma experiência… é uma loucura”, declarou Pedro Abrunhosa.
O músico natural do Porto, que está a comemorar 30 anos do lançamento do seu primeiro álbum ("Viagens", 1994), fez um paralelo, em espécie de “caricatura e guardadas as distâncias”, entre o espetáculo do Rockin’1000 e uma orquestra sinfónica.
“A orquestra sinfónica que nós conhecemos, na tradição clássica, no fundo é isto em pequena escala”, argumentou, lembrando que a partir da Revolução Francesa (1789), em finais do século XVIII, deu-se “uma democratização da música” e as orquestras passaram a ter uma formação que se manteve até aos dias de hoje.
“Como não havia amplificadores, o violino dos quartetos de câmara passou a ter dois, três, quatro, cinco, seis, sete violinistas, para se ouvir mais longe. E, portanto, uma orquestra sinfónica com 150 músicos, já é uma amplificação natural da música clássica", afirmou.
"Neste caso é um bocado o mesmo", prosseguiu. "Vai ser interessantíssimo ouvir aquela multidão tocar aquela música, estou muito curioso”, revelou Pedro Abrunhosa. “Estou muito esperançoso que seja um megaevento”.
Em nota de imprensa hoje divulgada, a promotora MOT – Memories of Tomorrow definiu a canção “Fazer o que ainda não foi feito” como “um hino à união, à esperança e à celebração”.
Adiantou que “a mensagem inspiradora” do tema de Pedro Abrunhosa “encaixa-se perfeitamente com o espírito do Rockin'1000, que reúne pessoas de todas as idades e origens para celebrar a música e a alegria ao interpretarem juntos os maiores clássicos do rock”.
O escritor de canções não perde o seu lado de ativista e defensor de causas, e disse à Lusa que “numa altura em que o mundo está profundamente dividido, a música cumpre um papel profundamente pacificador e aglutinador”.
Para Pedro Abrunhosa, a música, a poesia e a arte, no geral, “têm este papel, o de mostrar à humanidade que a humanidade pode colaborar em conjunto, pode não falar a mesma língua, mas pode produzir em conjunto”.
“A música e a arte são, exatamente, a capacidade que temos, ali, naquele estádio [o palco do Rockin’1000] de irem estar milhares de pessoas, com credos diferentes, com cores diferentes, com partidos diferentes, com clubes de futebol diferentes, vindos de geografias diferentes. E não há nada mais antirracista e, no fundo, mais humanista do que tocar juntos a mesma música, é lindíssimo”, observou.
“É uma liturgia sem recorrer ao sagrado, não há dogmas”, enfatizou Pedro Abrunhosa.
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