Um Pinguim sem Batman na sua versão mais cruel é o centro da nova série “The Penguin”, que se estreia a 20 de setembro na plataforma Max e mostra o ator Colin Farrell irreconhecível como Oz Cobb, o histórico vilão.
“Há perdão, há redenção, e depois há o ponto em que fomos longe demais. No final da série, Oz foi longe demais e não há retorno”, disse Colin Farrell numa conferência de lançamento da série, em Los Angeles.
O ator irlandês aparece completamente transformado com cara e corpo prostéticos, criados pela equipa de Mike Marino. O trabalho começou a ser feito para o filme “The Batman”, realizado por Matt Reeves, que é também o produtor executivo da série.
“Quanto me puseram a maquilhagem e olhei para o espelho, tive a reação que os gatos têm quando veem o seu reflexo e recuam”, disse o ator, revelando que a primeira transformação em pinguim demorou oito horas.
Na fase final das filmagens, o trabalho era tão lúgubre que Colin Farrell regressava ao hotel e via filmes da Pixar, tal como “À Procura de Nemo”, para se dissociar.
“Mais para o fim eu estava maldisposto, porque era tão sombrio e ele é um personagem tão cruel e sem remorsos no final que me pôs deprimido”, admitiu o ator. “Fiquei contente quando acabou”.
A ideia para a série de oito episódios surgiu ainda durante a produção de “The Batman”. Matt Reeves queria seguir Oz, o pinguim, numa história situada uma semana depois dos acontecimentos do filme no contexto do vazio de poder deixado pelo assassinato do mafioso Carmine Falcone.
“A versão de Oz no nosso filme é de um criminoso de nível médio, não um patrão do crime, que é zombado e sobrestimado mas tem uma profunda ambição, uma espécie de sonho americano sombrio”, disse Matt Reeves.
O realizador confiou a Lauren LeFranc a escrita desta história, e a ‘showrunner’ decidiu que seria mais que uma narrativa de ascensão ao poder.
“Creio que as pessoas procuram o poder por causa de um desejo mais íntimo e um vazio mais profundo dentro de si”, afirmou, na conferência. “Pensei nesta ideia de que o Oz quer orgulhar a sua mãe e precisa do seu amor e afeto, que ela nega”, descreveu. “Toda a gente consegue identificar-se em certa medida com isto de ter uma vida familiar complicada”, continuou. “Queria criar uma mulher complicada, eriçada, emotiva, dura”.
Essa personagem materna, Francis, é interpretada pela atriz Deirdre O’Connell, que estranhou quando se encontrou com Colin Farrell sem prostéticos pela primeira vez.
“O meu objetivo era criar histórias interessantes para ter personagens que parecem relacionáveis e intrigantes e repulsivas nalguns momentos, que queremos ver sem saber bem porquê”, explicou Lauren LeFranc.
Esta versão de Gotham não tem Batman porque o ponto focal é outro. “O facto de estarmos a seguir o Oz torna a série diferente”, considerou LeFranc. “Torna-a mais louca, mais energética. Tem mais humor negro”.
A argumentista também falou da necessidade de vermos mais personagens femininas complexas, que foi a sua intenção ao criar Francis (Deirdre O’Connell) e Sofia Falcone (Cristin Milioti).
“Queria garantir que este mundo estava cheio de mulheres complicadas, interessantes e com defeitos”, afirmou LeFranc.
Milioti revelou que sempre foi fã das histórias do Batman mas imaginava-se um dos personagens masculinos, porque a construção das personagens femininas era demasiado desinteressante e superficial.
“Vi ‘Batman para sempre’ muitas vezes em criança e quando brincava fingia que era o Riddler, porque a mulher no filme é uma psicóloga que andava por aí em lingerie a mandar piropos ao Batman”, lembrou Milioti. “Mas o homem é que explodia com tudo e o Duas Caras pendurava-se num helicóptero. Eu fingia sempre que era o homem”.
“The Penguin” estreia-se a 20 de setembro e tem novos episódios às segundas-feiras.
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