É "um puzzle muito grande" para gerir durante três dias, que mobiliza muitos dos espaços do CCB e que faz de Os Dias da Música "um caso único", na programação do centro cultural, como descreveu à agência Lusa Miguel Leal Coelho, do conselho de administração.

Alguns destes 80 concertos previstos já estão esgotados, mas a taxa de ocupação geral desta décima edição - para a qual existem cerca de 20.000 bilhetes - ronda os 50 por cento, disse.

O programa desta edição - desenhado há cerca de um ano - é inspirado na obra "A volta ao mundo em 80 dias", de Júlio Verne, e no início da expansão de Portugal pelo mundo, quando em 1415 os portugueses chegaram a Ceuta, propondo uma viagem da América Latina ao Extremo Oriente, dos Pirenéus aos Urais.

"Como eixo principal, continua a ser a música erudita, mas vamos explorar o mundo da música através das músicas do mundo, quer pelas viagens que podem ser feitas, quer pelas viagens que os próprios compositores fizeram de facto ou pela escrita da música", afirmou Miguel Leal Coelho.

Até domingo, acontecerá, por exemplo, a estreia da peça "Illuminations", de Miguel Azguime, pela Orquestra de Câmara Portuguesa, sob a direção de Pedro Carneiro, e a estreia da Orquestra XXI, composta exclusivamente por músicos portugueses, que tocam em orquestras estrangeiras e que, sob a direção do maestro Dinis Sousa, irá interpretar peças de Mendelssohn.

Outro agrupamento que se estreia é a Jovem Orquestra Portuguesa, composta por mais de cem músicos de diferentes regiões do país, sob a direção musical de Pedro Carneiro.

Miguel Leal Coelho destacou ainda a atuação do Duo Amal, composto pelo pianista palestiniano Bishara Haroni e pelo pianista israelita Yaron Kohlberg, que irão interpretar, num só piano, canções clássicas de Israel e populares árabes.

De regresso também a Portugal estará o alaudista libanês Rabih Abou-Khalil, que se apresentará com Luciano Biondini (acordeão) e Jarrod Cagwins (bateria e percussões).

O grupo Sete Lágrimas interpretará um programa dedicado à diáspora, composto por repertórios populares e eruditos dos séculos XVI e XVII, com canções tradicionais de Macau, Timor, África do Sul, Moçambique, Brasil e Portugal.

Os Dias da Música têm hoje uma pré-abertura, no cinema são Jorge, em parceria com o IndieLisboa, com o filme/concerto “Rondó da carpideira”, com os músicos Daniel Marques e Mário Marques, concebido a partir de uma investigação do etnomusicólogo Michel Giacometti, sobre cantares populares portugueses.

Miguel Leal Coelho sublinha o caráter único desta iniciativa dentro do CCB.

"Temos aqui público que depois não vem aos outros concertos, e temos público que só vem aos Dias da Música para ouvir música erudita, música clássica. Esse fenómeno já nós percebemos. Isto vai sempre deixando lastro e vamos sempre conquistando mais algumas pessoas", disse.

No entender do responsável, o CCB não tem perdido público "mesmo em anos de crise".

"Houve uma alteração no comportamento das pessoas. Não compram bilhetes com tanta antecedência, compram mais em cima dos concertos, mas faz parte das decisões das pessoas mediante o dinheiro que têm disponível no momento", referiu.

O orçamento de Os Dias da Música é de 500.000 euros.