
Os realizadores Maryam Moghaddam e Behtash Sanaeeha foram condenados a duas penas de prisão por um tribunal iraniano por fazerem propaganda contra a República Islâmica e produzirem conteúdos obscenos no filme "O Meu Bolo Favorito", divulgou hoje a imprensa.
Os realizadores iranianos receberam uma pena de 14 meses e outra de um ano, que ficaram suspensas por cinco anos, ou seja, não cumprirão a pena na prisão e se não cometerem mais nenhum crime durante esse período, as penas serão anuladas, declarou Sanaeeha na rede social Instagram na noite de segunda-feira, citado hoje pela agência de notícias EFE.
A 26.ª Câmara do Tribunal Revolucionário de Teerão condenou os dois realizadores a 14 meses de prisão e a uma multa de 400 milhões de riais (347 euros) por propaganda contra a República Islâmica e por “divulgar informações falsas com a intenção de perturbar a opinião pública”.
Na outra sentença, foram condenados a um ano de prisão por "produzir conteúdo obsceno", além de lhes ter sido foi confiscado o equipamento técnico utilizado. A sentença recaiu também sobre o produtor do filme, Gholamreza Mousavi.
Moghaddam e Sanaeeha foram ainda condenados a pagar uma multa de 200 milhões de riais (173 euros) por distribuir e exibir o filme sem licença oficial.
O filme ‘O Meu Bolo Favorito’ relata as necessidades românticas e íntimas de uma mulher iraniana madura, desafiando assim muitas das ideias rígidas e fortemente impostas pela República Islâmica sobre o papel e a visibilidade das mulheres na sociedade.
As organizações de direitos humanos sediadas fora do Irão informaram que o filme foi realizado sem que as atrizes cobrissem o cabelo com o véu islâmico obrigatório.
Em setembro, as autoridades impediram Moghaddam e Sanaeeha de saírem do Irão e confiscaram-lhes os passaportes enquanto se preparavam para viajar para a Suécia, para visitar familiares e apresentarem o seu filme.
Não foi a primeira vez que foram proibidos de viajar, algo que já tinha acontecido em fevereiro, quando não puderam comparecer à apresentação do filme no Festival de Cinema de Berlim (Berlinale), no qual recebeu dois prémios.
Mais de três mil personalidades do cinema, incluindo Pedro Almodóvar, Isabel Coixet, Ali Abbasi e Mohammad Rasoulof, assinaram uma petição em fevereiro a pedir ao Governo iraniano que retirasse "imediata e incondicionalmente" todas as acusações contra os cineastas.
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