Durante uma visita à mostra, que é inaugurada hoje às 18:30, a curadora Mariana Pinto dos Santos contou que essa é a “grande novidade”, revelando que os vidros foram descobertos há pouco tempo, depois de os seus proprietários perceberem, ao verem os desenhos originais, que eram obra de Almada Negreiros (1893-1970).
“Isto permite construir a história desta obra e, de facto, comprovar que Almada Negreiros trabalhou com a lanterna mágica e o que é singular, não encontramos outros exemplos de artistas”, disse.
Mariana Pinto dos Santos contou ainda que, até agora, só eram conhecidos os desenhos originais, mostrados pela primeira vez em Portugal em 2004, não se sabendo da existência destes vidros.
Veja algumas fotos da exposição:
Outra das novidades da exposição assenta no facto de as obras serem pontuadas com textos próprios do artista, alguns deles inéditos.
“Esta exposição não é só de trabalhos plásticos e de especiais de cinema, expõe textos”, frisou.
A curadora referiu que um dos textos em exposição é um bilhete “pouco conhecido” deixado por Almada Negreiros ao poeta Adalberto Serpa, no qual fazia um grande elogio ao cineasta Manoel de Oliveira dizendo que este era indispensável ao cinema português.
“Isso mostra como ele estava atento ao cinema português e ao que se fazia”, asseverou.
A hibridez entre desenho e cinema está expressa em alguns dos textos literários, poéticos e ensaísticos, onde se notam intersecções plásticas e cinematográficas.
"José de Almada Negreiros: desenho em movimento" é o título desta exposição realizada em colaboração com a Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, que estará patente até 18 de março de 2018.
Nesta mostra serão apresentadas várias obras que estiveram na exposição "José de Almada Negreiros. Uma maneira de ser moderno" realizada este ano na Fundação Gulbenkian e que recebeu 135 mil visitantes em quatro meses.
A curadora adiantou que a mostra exibe a importância da linguagem cinematográfica na obra de Almada Negreiros evocando a forma como ele se entusiasmou com os desenhos animados, o cinema de animação e a possibilidade de dar vida ao desenho que ele “perseguiu” ao longo do seu trabalho.
A conjugação entre cinema e desenho surge em obras como a lanterna mágica "La Tragedia de Doña Ajada" (1929), e no filme desenhado "O Naufrágio da Ínsua" (1934), trabalhos especificamente concebidos para apresentações públicas em écran de cinema, real ou imaginado, e que estão incluídos nesta mostra.
Almada Negreiros deixou uma vasta obra de pintura, desenho, teatro, dança, romance, contos, conferências, ensaios, livros manuscritos ilustrados, poesia, narrativa gráfica, pintura mural e artes gráficas, cuja produção se estendeu ao longo de mais de meio século.
Comentários