“A Poesia não carece em absoluto de forma escrita: está no ar, nos olhos, na palavra dita e por dizer, na sensação e no sentimento do que amamos ou combatemos”, lê-se na mensagem de autoria do escritor João de Melo.
Melo realça as diferentes facetas do poema, que é “escuridão e luz perpétua da claridade”.
O autor afirma que “o poema é ao mesmo tempo dor e canção, desamparo e amor, solidão e solidariedade, desespero e esperança, escuridão e luz perpétua da nossa claridade”.
“A Poesia é uma forma de linguagem para a beleza; uma imaginação verbal no seu estado mais puro. Apetece-me fazer-lhe o elogio como se ela fosse algo que estivesse ao mesmo tempo no centro (na essência) e muito para além de toda a Literatura”, lê-se na mesma mensagem.
No texto, João de Melo sublinha a forte ligação da Poesia à Música.
“O que mais eu amo no poema é a sua proximidade ao sentimento e à música”, assim abre a sua mensagem João de Melo, afirmando que “alguém inventou o poema para ser cantado”.
“Criou-o como forma superior de pranto e oração aos deuses da Música, do Silêncio, do Sonho e da grande Melancolia que atravessa todos os séculos do Homem”.
“Mas o que existe de tão luminoso na escrita dos poetas? E que pode haver de poético na linguagem dos prosadores? O poema pertence ao género masculino ou feminino?” questões colocadas por João de Melo, esclarecendo desde logo, que não veio para as responder.
Todavia, considera o autor “que há qualquer coisa de múltiplo na ideia de cada um acerca da Poesia”.
“O elogio que dela se possa fazer não deve ser genérico nem abstrato. Cada um de nós traz em si, consigo, uma reserva desconhecida de Poesia. O nosso destino é também o dos poetas. Porque ela, Poesia, é um trabalho da sensibilidade e do ouvido - do ouvido que reconhece a música, mas também do outro: aquele que ouve e escuta o mundo, que ouve o silêncio e a voz dos humildes, dos humildes universais que devíamos ser todos nós”.
Para Melo, a Poesia “é sobretudo uma voz no interior da linguagem, algo como um suspiro ou um grito sem voz, e tanto pode morar à esquina de um soneto ou de uma oitava, como em cima de um muro erguido pelas palavras, isto é, pela prosódia de uma prosa”.
“Tal como o poeta, também o poema tem causas a suscitar ou a defender: do amor à amizade, da vida à morte, do júbilo à dor, da indignação à revolta, da rua e da casa do poeta à morada universal da humanidade inteira. Ele está na rua, connosco se deita e se levanta: caminha, trabalha e regressa a casa”, afirma Melo que na sua mensagem cita poemas de Natália Correia, João Ruiz de Castelo-Branco, Luís de Camões, Herberto Hélder, Ruy Belo e um dos heterónimos de Fernando Pessoa, Alberto Caeiro.
Pior que tudo, remata João de Melo, “será um homem despedir-se da sua memória da Poesia”.
Adotado pela Organização das Nações Unidas para a Cultura, Educação e Ciência (UNESCO, na sigla em inglês) em 1999, o Dia Mundial da Poesia pretende "homenagear poetas, reviver tradições orais de recitais de poesia, promover a leitura, escrita e ensino de poesia, e fomentar a convergência entre a poesia e outras artes".
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