O novo espetáculo do diretor artístico do Festival d'Avignon vai estar em cena no auditório Rui Vilar, na Culturgest, de 19 a 23 de fevereiro, cerca de um mês após a apresentação de "Hécuba, não Hécuba", estreada em julho no festival francês, no Centro Cultural de Belém, em Lisboa. “No Yogurt for the Dead" seguirá depois para o Theatro Circo, em Braga.
"No Yogurt for the Dead" assinala o regresso de Tiago Rodrigues a esta sala de Lisboa depois de, em abril de 2024, aí ter feito a estreia portuguesa da peça “Na medida do impossível”, concebida a partir de testemunhos de voluntários da Cruz Vermelha e dos Médicos sem Fronteiras, em campos de refugiados e zonas de conflito.
A peça inspira-se em acontecimentos das últimas semanas de vida do pai de Tiago Rodrigues, o jornalista Rogério Rodrigues (1947-2019), que fez parte das redações do vespertino Diário de Lisboa, do semanário O Jornal e do diário Público, além de ter dirigido o semanário Grand'Amadora e ter sido diretor-adjunto d'A Capital.
Quando se encontrava internado, Rogério Rodrigues relatava ao filho as conversas que mantinha com Teresa, uma voluntária do hospital. Um dia, pediu a Tiago Rodrigues um caderno e uma caneta, “para para escrever um livro" sobre esse período de internamento e doença.
Segundo a apresentação da peça, "tinha até um título: 'No Yogurt for the Dead'", pois Rogério Rodrigues, que sempre detestara iogurte, mudara de opinião, desde que este passara a fazer parte da sua dieta.
Após a morte do pai, Tiago abriu o caderno onde encontrou apenas “algumas linhas e manchas”, apenas rabiscos - a mão do pai devia estar demasiado fraca.
“Mais tarde, Teresa contou a Tiago que o pai falava constantemente do livro, querendo combinar nele a experiência de estar hospitalizado com memórias da sua vida, em particular do seu trabalho como jornalista”.
Tiago Rodrigues decidiu então escrever “No Yogurt for the Dead”, sobre uma voluntária que “ouve as histórias de um homem prestes a morrer, e sobre o livro que ele nunca chegou a escrever”.
Ator, encenador e dramaturgo, Tiago Rodrigues (Amadora, 1977) foi diretor artístico do Teatro Nacional D. Maria II, de julho de 2014 a dezembro de 2021 e dirige o Festival d'Avignon, em França, desde setembro de 2022.
Com texto e encenação de Tiago Rodrigues, “No Yogurt for the Dead” tem dramaturgia de Kaatje De Geest, e interpretação de Lisah Adeaga, Manuela Azevedo, Beatriz Brás, Hélder Gonçalves e André Pato.
O desenho de luz é de Dennis Diels, a cenografia de Sammy Van den Heuvel, o desenho de som de Pedro Costa e o desenho musical de Hélder Gonçalves.
“No Yogurt for the Dead” é uma produção conjunta do teatro belga NTGENT e da Culturgest – Fundação Caixa Geral de Depósitos.
A peça estará em cena em Lisboa depois da estreia em Gante, na Bélgica, a 23 de janeiro, onde permanecerá até 1 de fevereiro.
Nos dias 27 e 28 de fevereiro, estará no Theatro Circo, em Braga, no âmbito do Programa Braga 25. Em maio, a partir de dia 28, fará parte do programa do Wiener Festwochen, na Áustria.
Outras sete peças de Tiago Rodrigues garantem uma digressão internacional do seu teatro, ao longo da temporada de 2024-25: "By Heart", "Catarina e a beleza de matar fascistas", "Coro dos amantes", "Entrelinhas", "Hécuba, não Hécuba", "Na medida do impossível" e a sua abordagem de "O Cerejal".
"By Heart", depois da etapa sul-coreana, no passado fim de semana, viajará para palcos de França e Suíça, em fevereiro e março.
"Catarina e a beleza de matar fascistas" estará em Nova Iorque, em novembro, e em Nicósia, Chipre, em dezembro deste ano. Em janeiro regressará a França, para representações em diferentes palcos, estendendo-se ainda a teatros de Lugano e Lausanne, na Suíça.
O "Coro dos Amantes" mantém a digressão por França e Suíça, pelo menos até maio de 2025.
"Hécuba, não Hécuba", estreada no Festival de Avignon no passado mês de julho, estará em Istambul, Toulouse, Genebra, Antibes e Madrid, antes da apresentação em Lisboa, em janeiro. Daí seguirá para Antuérpia, Luxemburgo e La Rochelle, devendo terminar a temporada na Comédie-Française, a 'casa mãe' do seu elenco, onde ficará em cartaz durante perto de dois meses, até ao final de julho.
"Na medida do impossível", estreada em 2022, irá à Ilha da Reunião, em novembro, e a Shizuoka, no Japão, em abril do próximo ano.
Ao longo desse mês, "O Cerejal" estará na China, primeiro em Macau, seguindo-se Xangai, Nanquim – Jiangsu e, por fim, Pequim, numa digressão a cumprir de 04 a 27 de abril de 2025, segundo as datas anunciadas.
No próximo mês de novembro, "Entrelinhas", com Tonan Quito, terá récitas em Santarém, no dia 08, e no Teatro Stephens, na Marinha Grande, no dia 16.
"Entrelinhas" traduz-se num monólogo, construído com as cartas de um preso para sua mãe, escritas nas entrelinhas duma edição de "Édipo Rei", de Sófocles, encontrada na biblioteca da prisão.
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