Editada em maio do ano passado, com tradução de Salvato Teles de Menezes e Vasco Teles de Menezes, esta biografia de Fernando Pessoa, publicada originalmente em inglês, em julho de 2021, foi eleita um dos melhores livros desse ano por publicações como The New York Times, The Spectator, The New Statesman, Kirkus Reviews e Publishers Weekly.
No ano seguinte, foi finalista do Prémio Pulitzer.
Celebrando o centenário de António Quadros (1923-2023), o júri do prémio “assumiu este ano uma responsabilidade redobrada já que, na escolha da obra a premiar, decidiu ter em conta a opinião que acreditava ser a do próprio António Quadros”, afirma em comunicado a Fundação António Quadros.
O júri foi composto por Mafalda Ferro, presidente da Fundação António Quadros e do conselho de administração, Manuela Dâmaso, membro do Conselho Consultivo, e Francisco d’Orey Manoel, vice-presidente do Conselho de Administração.
Integrado nas comemorações do centenário, o prémio, que vai na sua 13.ª edição, será entregue na Fundação, em Rio Maior, no dia do aniversário de António Quadros (14 de julho).
Considerada a mais completa e inovadora biografia de Fernando Pessoa, esta obra da autoria do escritor e tradutor norte-americano Richard Zenith resulta de 13 anos de dedicação à obra do poeta, para quem a língua portuguesa era a pátria.
“Pessoa. Uma biografia” é a história de vida de Fernando Pessoa, contada ao longo de mais de mil páginas, incluindo imagens, reconstituída praticamente a partir da obra.
Richard Zenith admitiu, durante a apresentação da edição portuguesa da biografia, que era difícil conhecer a vida pessoal de Fernando Pessoa, sempre muito reservado e solitário, e que a sua obra se constituiu a principal fonte de investigação, por ser muito autobiográfica.
Além da obra, Zenith recorreu ao espólio do autor de “Mensagem”, que continha diversas notas do quotidiano, como dinheiro que devia, encontros marcados, papéis dos tempos em que viveu em Durban – durante a infância e adolescência, período em que o padrasto trabalhou nessa cidade como cônsul português -, ou cartas inéditas, nomeadamente da mãe, ou do dono de uma mercearia na Rua Coelho da Rocha, onde “Fernando Pessoa comprou muitas coisas, incluindo aguardente”.
Outra fonte fundamental para este trabalho foram cartas escritas por um tio a Fernando Pessoa quando este tinha 8 anos.
Esta obra monumental, que conta um total de 1.184 páginas, é a mais completa desde a de João Gaspar Simões, publicada em 1950 e que, sabe-se agora, tem algumas informações erróneas.
Richard Zenith nasceu em Washington D.C. em 1956 e veio para Portugal em 1987, com o objetivo de traduzir cantigas trovadorescas. Foi nessa altura que descobriu o “Livro do Desassossego”, publicado pela primeira vez em 1982 pela Ática.
Como tinha vivido no Brasil e aprendido português, e percebendo que não havia nenhuma tradução dessa obra para inglês, montou um projeto e traduziu-a na íntegra.
Foi por volta de 2003, quando organizou uma edição especial de “Escritos autobiográficos automáticos”, na qual Fernando Pessoa estava em contacto com espíritos e escrevia quase sempre em inglês, que começou a pensar realmente na biografia.
“Foi o meu agente literário em Nova Iorque que me empurrou para esta biografia. Achei que era dois ou três anos e que era um livro de 160 mil palavras. Acabou em 360 mil, nunca imaginei”, contou.
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