Os Prémios Acesso Cultura distinguiram cinco projetos e atribuíram três menções honrosas pelas suas "políticas exemplares" e "boas práticas" na promoção da melhoria das condições da acessibilidade cultural, anunciou na quarta-feira a organização numa cerimónia, em Lisboa.
O festival Wool, na Covilhã, o projeto de digressão de programação “Odisseia Nacional”, do Teatro Nacional D. Maria II, o programa “Descobri-Quê?” com espetáculo e debates sobre colonialismo, o programa no Cinema Batalha, no Porto, “Vizinhos: Batalhawood”, e o texto com linguagem clara “Sweat, Sweat, Sweat”, de Sónia Baptista, foram os vencedores.
O anúncio do palmarés com cinco prémios e três menções honrosas decorreu ao final da tarde, na Biblioteca de Marvila, organizado pela Acesso Cultura - Associação Cultural, no âmbito de uma semana de iniciativas para promover a reflexão sobre acesso físico, social e intelectual à fruição da cultura.
Os prémios foram atribuídos à Wool - Covilhã Arte Urbana, pelo projeto “WOOL + Arte Urbana mais acessível”, para público com necessidades especiais, e à Estrutura Associação Cultural pelo projeto “Descobri-Quê?”, que envolveu um espetáculo e conversas para jovens sobre o tema da colonização, segundo um comunicado enviado à agência Lusa.
O Teatro Nacional D. Maria II, em Lisboa, foi outro os premiados, pelo projeto de programação em digressão “Odisseia Nacional”, e também o Batalha - Centro de Cinema, pelo projeto “Vizinhos: Batalhawood”, pela "integração ativa da comunidade imigrante do Bangladesh do Porto no tecido cultural do cinema", justificou o júri.
O Prémio Acesso Cultura – Linguagem Clara 2024 foi atribuído este ano à associação cultural Alkantara, pelo texto “Sweat, Sweat, Sweat (Um conjunto de pequenos afrontamentos)”, de Sónia Baptista, segundo o mesmo comunicado.
Também foram entregues três menções honrosas, nomeadamente ao Teatro José Lúcio da Silva, em Leiria, pelo projeto “Um palco para todas as pessoas”, que investe, em particular, "na relação com pessoas com deficiência e surdas", e à Orquestra de Câmara Portuguesa, pelo projeto “Orquestra dos Navegadores”, por "promover a igualdade de oportunidades em contextos socioeconómicos menos favorecidos" de jovens.
Foi ainda distinguida a Fundação Bienal de Arte de Cerveira (FBAC), pelo projeto Oficinas “AMAM – Rede de Apoio a Migrantes no Alto Minho”, que "aproxima as pessoas, integra, derruba barreiras e desfaz preconceitos", destacou o júri.
Na cerimónia foi lembrada e homenageada a bailarina Mickaella Dantas (1989-2024), antiga associada e júri da entidade, que a partir deste ano dá o seu nome aos prémios.
A abertura da cerimónia foi feita pela presidente da Acesso Cultura, Rita Pires dos Santos, que salientou a forma como, desde 2014, “os prémios têm distinguido projetos institucionais e individuais, pequenos e grandes, de diferentes pontos do país”.
“Não é a escala, é o impacto que importa”, disse, citada pela organização, apontando, por um lado “avanços muito importantes, a caminho da democracia cultural”, mas, por outro lado, “muitas, demasiadas pessoas, [que] continuam excluídas da participação cultural em Portugal”.
Rita Pires dos Santos atribuiu esta situação a diferentes fatores, nomeadamente, barreiras geográficas, físicas, sociais, económicas e psicológicas: “Nunca apoiámos o ‘melhor do que nada’. Aliás, a nossa ambição, partilhada com algumas das entidades culturais e pessoas que colaboram connosco, é irmos além da lei e do que somos obrigados a fazer. Porque não é isso que garante dignidade e respeito para qualquer pessoa”.
O júri dos prémios foi composto pela artista-mediadora Ana Sofia Nunes, em representação da Acesso Cultura, a atriz Inês Cóias e a arqueóloga Sara Cura.
No Prémio Acesso Cultura – Linguagem Clara 2024 formaram o júri a museógrafa Elisabet Carceller, o diretor-geral e criativo do Coffeepaste Pedro Mendes, e Rita Pires dos Santos.
Nesta 10.ª edição da Semana Acesso Cultura, que decorre até domingo, estão em foco os temas da inclusão e a equidade, com a participação de dezenas de agentes culturais, com encontros e abertura pública de portas aos bastidores de várias instituições.
Entidade sem fins lucrativos, reconhecida oficialmente em fevereiro de 2021, pela sua utilidade pública, a Acesso Cultura trabalha em regime de voluntariado e com parcerias desde 2013, desenvolvendo consultorias, estudos e publicações.
Comentários