A última temporada de "Inspetor Morse" termina, [alerta spolier], com a morte do personagem a pedido de John Thaw, o ator que interpretava o inspetor e que tinha o desejo de sair da série [fim de spoiler]. A ITV prosseguiu com o policial através de um spin-off de Morse intitulado "Lewis", uma série em redor de Robert “Robbie” Lewis (Kevin Whately), o eterno parceiro de Morse, uma produção que durou nove temporadas, sendo exibida de janeiro de 2006 a novembro de 2015.
Em 2012 surge o piloto de "Endeavour", em formato de filme para televisão, que foi um sucesso com cerca de 9 milhões de espectadores em Inglaterra. A minissérie arrancou em 2013 e vai buscar o título ao primeiro nome do inspetor Endeavour Morse, um nome que raramente foi utilizado pelo personagem. A produção é encabeçada por Shaun Evans, mais um jovem talento da representação britânica, no desempenho de um investigador solitário e erudito sendo considerado um snob pelos seus companheiros, tem um apreço pela música clássica, poesia e as palavras cruzadas. Os acontecimentos decorrem em meados dos anos 1960, um período de mudança de hábitos em Inglaterra com o aparecimento de uma geração influenciada por vários movimentos culturais e sociais. A ação desenrola-se em Oxford com várias personagens jovens e atraentes no seio das narrativas. Os quatro episódios da terceira temporada têm uma duração média de 90 minutos e sentimos que estamos dentro de um filme. A série tem claramente laivos das grandes produções de mistério e suspense originárias da Grã-Bretanha como "Miss Marple" e "Poirot".
A ação inicia-se sempre com um mistério enigmático e o espectador, a par dos personagens, anda a apalpar o terreno num caso que será investigado pela esquadra de Oxford, onde Morse está em início de carreira. Há um arco de história nos quatro episódios com uma perspetiva particular e de evolução do protagonista nas relações pessoais e de investigador junto dos seus colegas e o seu mentor, o Detetive Inspetor Fred Thursday (Roger Allam). Os casos estão sempre a subir de interesse, o primeiro episódio, “Ride”, tem muitas semelhanças com o romance "O Grande Gatsby", de F. Scott Fitzgerald, à exceção do twist final; o segundo episódio, “Arcadia”, envolve alguma crítica social e racial abordando o perigo dos cultos e a emancipação nas antigas colónias britânicas nos anos sessenta; o terceiro episódio, “Prey”, tem a presença da bela atriz Stefanie Martini, de "Doctor Thorne", numa intriga mais exótica com vingança e animais selvagens à mistura; o derradeiro capítulo, “Coda”, é o mais violento e intenso dos quatro, mas o mistério é igualmente denso e pronto a ser resolvido pela capacidade de investigador nato de Morse.
Em cada episódio é impossível parar de seguir os acontecimentos. O mérito vai para a construção das narrativas, para os atores convidados e histórias de sedução e mistério escritas por Russell Lewis, o argumentista que assina todos os episódios. A realização é sólida, cada episódio tem um realizador diferente mas a matriz estilística é semelhante e a cinematografia é atraente. Realce também para uma série que é muito fértil em atores com qualidade nos inúmeros personagens convidados em cada episódio, alguns deles a dar os primeiros passos na sua carreira com performances de encher a vista. Em fevereiro de 2016 foi confirmado que haverá uma quarta temporada.
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