Io Apolloni precisou de passar 21 dias numa tribo na Etiópia para concluir que a "selva é cá, não é lá". Aos 66 anos, a atriz continua aberta a novas experiências e admite que gostava de receber os nativos de uma tribo na sua casa, conforme revela nesta entrevista a SapoTV.
Já conseguiu descansar desde que veio da aventura na tribo?
Não, porque tenho tido muitos compromissos e obrigações e tem sido difícil.
Esses compromissos são uma sequência da sua participação no programa "Perdidos na Tribo"?
Não. Também tenho compromissos com a minha empresa de doces. Moro numa propriedade rural onde também tenho produtos biológicos e animais. Tenho pessoas que tomam conta, mas eu também gosto de fazer parte daquilo. Entretanto, também fiz três espetáculos que ninguém sabe, pois as pessoas não estão muito interessadas em coisas culturais. Tive o grande prazer e a grande honra de participar num espetáculo com o Ferruccio Soleri, o Arlequim mais famoso do mundo.
Em que peça?
"Retratos da comédia del'Arte". O Ferruccio representava vários papéis e eu servia-lhe de apoio na apresentação das personagens. Foi um espetáculo de grande responsabilidade porque ele é um ícone do teatro mundial. Senti-me honrada e, ao mesmo tempo, muito intimidada.
A sua vida mudou de alguma maneira com a participação no programa "Perdidos na Tribo"?
Não se pode dizer que tenha mudado. Este programa tem-me dado muito trabalho, muita inquietação. Estivemos a fazer uma gala na semana passada em que gravámos até às seis da manhã. Foi a parte mais desagradável desta panóplia toda.
Desagradável por tantas horas de gravação?
Não. Desagradável porque não gosto de votar nos meus colegas e também pelos atritos que vieram ao de cima. Portanto, a coisa mais entusiasmante deste programa foi a grande experiência de conviver com uma tribo. Isso foi uma experiência inesquecível da qual trago grandes e boas recordações.
Estaria pronta a repetir a experiência?
Sei de um programa que está a acontecer noutro país, em que são as tribos a ser convidadas a vir para o meio da civilização. Adorava que isso acontecesse.
Já falou com alguém da produção?
Já disse que estava abertíssima a esta ideia.
Estava disposta a receber alguém de uma tribo na sua casa, por exemplo?
Ah, com certeza... E com muito prazer!
Punha-os a fazer doces?
(risos) Sim. A cozinhar, a tratar da horta, para ver como eles se iam sair.
A Io sente-se uma mulher realizada?
Sinto-me muito bem comigo própria. O meu percurso tem sido muito interessante porque sempre fui uma pessoa interessada em crescer como mulher, atriz e ser humano. Chego à minha idade sénior e já tenho algumas convicções.
Quem mandaria para uma tribo durante muito tempo?
É difícil dizer. Porque para nos adaptarmos ao estilo de vida e ambiente é preciso um grande sentido de humildade e infelizmente o orgulho das pessoas é descomunal.
Portanto, muitas pessoas poderiam passar por essa experiência.
Acho que sim para ver se baixavam um bocadinho a moleirinha e ficavam um bocadinho mas humanizados. Há muita gente que está a perder os valores da ética, da moral, da noção da família, da solidariedade. As pessoas estão a ficar selvagens. Por isso digo que a selva é cá, não é lá.
Texto: Inês Costa / Foto: Bruno Raposo
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