Esta terça-feira, a Netflix informou que o seu número de subscritores atingiu um recorde de 232,5 milhões no primeiro trimestre de 2023 e estava a correr bem o seu novo plano de assinatura, mais barato e com anúncios lançado em novembro, uma alternativa menos glamorosa que a empresa evitou durante muito tempo.
A plataforma de streaming registou um lucro trimestral de 1,3 mil milhões de dólares, em linha com as expectativas, mas disse que adiou uma vasta repressão da partilha de contas fora da residência "para melhorar a experiência" dos subscritores.
A Netflix disse que espera começar a lançar as suas opções para a partilha paga de contas neste segundo trimestre.
"É evidente que a empresa quer gerir qualquer impacto negativo da nova estratégia", disse Jamie Lumley, analista da Third Bridge.
Isso significa que algumas vantagens de subscrição e receitas resultantes da alteração foram adiadas, disse a Netflix numa carta aos acionistas.
A Netflix virou a sua atenção para contas "emprestadas" ou "partilhadas" em alguns mercados, mas planeia avançar nos EUA e noutros países este mês, disse o copresidente-executivo Greg Peters numa entrevista.
A Netflix disse que quer garantir primeiro que os subscritores tenham acesso contínuo ao serviço fora de casa ou em vários dispositivos, como tablets, TVs ou smartphones.
"Aprendemos com este último conjunto de lançamentos sobre algumas melhorias que podemos fazer", disse Peters.
"Foi melhor dedicar um pouco mais de tempo para incorporar essas lições e tornar esta transição o mais suave possível para os subscritores", acrescentou.
E embora o novo plano de assinatura, mais barato e com anúncios na Netflix esteja nos seus primeiros dias, o interesse está acima das expectativas iniciais e a Netflix viu "muito pouca mudança dos nossos planos padrão e premium".
Por outras palavras: a empresa diz que é marginal a quantidade de subscritores que mudou para o plano mais barato ou cancelou completamente a sua subscrição por descontentamento com a nova política.
A Insider Intelligence, analista de mercado, prevê que a Netflix gerará 770 milhões de dólares em receita publicitária com o novo plano este ano e que ela chegará aos mil milhões em 2024.
Como o crescimento da Netflix esfriou no ano passado, a empresa de streaming com sede em Silicon Valley concentrou-se na criação desse plano de assinatura.
A Netflix também decidiu incentivar as pessoas que assistem gratuitamente com as senhas partilhadas a começarem a pagar pelo serviço sem alienar os subscritores.
“Esta iniciativa da partilha de contas ajuda-nos a ter uma base maior de potenciais subscritores pagantes e a fazer crescer a Netflix a longo prazo”, disse o copresidente-executivo Ted Sarandos.
Futuro da televisão
Pela primeira vez, os adultos norte-americanos passarão mais tempo este ano a ver vídeos digitais em plataformas como Netflix, TikTok e YouTube do que a assistir à televisão tradicional, previu a Insider Intelligence.
A analista dos mercados espera que a televisão linear represente menos da metade do tempo diário pela primeira vez.
“Este marco histórico é impulsionado por pessoas que passam cada vez mais tempo a assistir a vídeos nos seus ecrãs maiores e mais pequenos, seja um drama imersivo numa televisão ou um vídeo viral num smartphone”, disse em comunicado Paul Verna, analista principal da Insider Intelligence.
A Netflix e o YouTube são os líderes em disputada acirrada no que diz respeito à atenção do público dos conteúdos digitais, de acordo com a Insider Intelligence.
A Netflix planeia continuar a gastar 17 mil milhões de dólares anualmente em programas e filmes, com esse valor talvez a subir após o próximo ano.
“O crescimento de subscrições da Netflix mostra que a guerra do streaming ainda está a decorrer”, disse o analista Jamie Lumley.
"A empresa está à frente de onde estava no ano passado, mas ainda enfrenta claramente a pressão de toda a concorrência neste espaço preenchido", notou.
Comentários