“Acredito que tirar uma verba tão importante como 20 milhões de euros, não havendo a perspetiva de se aumentar a comparticipação audiovisual, e nem sequer havendo a perspetiva de se aumentar a compensação indemnizatória à RTP, nós não vemos que o serviço público possa continuar a ser prestado igual ao que está”, disse o presidente do SJ, Luís Simões, numa audição no parlamento.

Luís Simões falava numa audição na Comissão de Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto, na Assembleia da República, após ter sido chamado pelos grupos parlamentares do Partido Socialista (PS) e do Livre.

No entender do sindicato, a substituição de 250 trabalhadores por outros 125 vai “enfraquecer ainda mais o serviço público”.

No entender de Luís Simões, o serviço público “foi, durante muitos anos, e continua a ser, um farol para a profissão”.

“Não nos parece que enfraquecer o serviço público num momento de grande crise da comunicação social possa ser o caminho”, sublinhou o responsável sindical.

O SJ foi hoje ouvido no parlamento no seguimento do Plano de Ação para a Comunicação Social, apresentado este mês pelo Governo para o setor e que contém 30 medidas.

Uma destas medidas compreende a eliminação gradual da publicidade da RTP ao longo de vários anos, que se traduzirá numa perda de receita anual de cerca de 20 milhões de euros.

No entender do presidente do sindicato, retirar este rendimento sem uma compensação garantida poderá tornar a RTP “num problema”.

“Temo que esse problema possa, à tentação, ser resolvido com despedimentos”, lamentou, referindo que tal ocorrerá num momento em que a União Europeia se mostra “muito preocupada” com a desinformação.

Sobre a redução de trabalhadores, o vice-presidente do sindicato, Augusto Correia, disse que há que acreditar nos políticos quando o Governo diz que não vai ser o fim da RTP.

O sindicato referiu que se reuniu por três vezes com o Governo, através do ministro dos Assuntos Parlamentares e do seu secretário de Estado, com vista a debater algumas medidas que poderiam integrar o plano – tendo sido apresentadas várias que acabaram por não ser incluídas.

“Soube da intenção de colocar um ponto final à publicidade na RTP no exato momento em que todos ficámos a saber”, apontou Luís Simões, referindo-se a uma conferência organizada por uma plataforma de órgãos de comunicação social.

Luís Simões sublinhou que não está em cima da mesa que os privados substituam a RTP no serviço público.

Durante a sua intervenção, e remetendo para o plano de ação para o setor, a vogal do SJ Susana Venceslau registou que falta clareza para a agência Lusa.