A direção de informação da TVI e CNN Portugal reagiu esta terça-feira, dia 8 de outubro, às declarações de Luís Montenegro na conferência "O futuro dos media", que em Lisboa. O primeiro-ministro afirmou que pretende em Portugal um jornalismo livre, sem intromissão de poderes, sustentável do ponto de vista financeiro, mas mais tranquilo, menos ofegante, com garantias de qualidade e sem perguntas sopradas.

Na nota lida em direto por José Alberto Carvalho no "Jornal Nacional", da TVI, e por João Póvoa Marinheiro na CNN Portugal, a direção de informação dos canais defende que as declarações de Luís Montenegro foram "infelizes".

"O dever dos jornalistas é o de fazer perguntas e procurar respostas. O termo 'jornalismo ofegante' referido pelo chefe do Governo, Luís Montenegro, não chega a ser ofensivo mas é infeliz. O primeiro-ministro tem também o dever de dar respostas, mas é certo que pode escolher o tempo e o modo para o fazer", frisou o canal.

"Quanto ao auricular, este é um instrumento de trabalho. Insinuar que serve para 'soprar' perguntas ao repórter no terreno revela desconhecimento ou mesmo má-fé", acrescentou.

Na manhã de terça-feira, na parte final da sua intervenção, o líder do executivo abordou a questão sobre a valorização da carreira do jornalista, mas com algumas críticas em relação ao desempenho de alguns profissionais deste setor.

“Vou fazer aqui esta pequena provocação, não é para criticar ninguém em especial. É só para verem como é que eu, do lado cá, que também é a minha obrigação, me impressionam, seja pela positiva, seja pela negativa”, advertiu.

A seguir foi direto ao assunto: “Uma das coisas que mais me impressiona hoje, quero dizer-vos aqui olhos nos olhos, é estar com seis ou sete câmaras à minha frente e ter os jornalistas a fazerem-me perguntas sobre determinado acontecimento e ver que a maior parte deles tem um auricular no qual lhe estão a soprar a pergunta que devem fazer. E outros à minha frente pegam no telefone e fazem a pergunta que já estava previamente feita”, declarou.

Como agente político e como cidadão, segundo Luís Montenegro, olha para esse quadro e conclui: “Assim, os senhores jornalistas não estão a valorizar a sua própria profissão, porque parece que está tudo teleguiado, está tudo predeterminado”.