Ronan Farrow, filho de Woody Allen, criticou duramente o anúncio da publicação em breve do livro de memórias do cineasta e afirmou que deixará de publicar as suas próprias obras pela Hachette, porque não deseja estar no mesmo grupo editorial.
"A Hachette não fez as verificações sobre o conteúdo deste livro", salienta Farrow.
O jornalista afirma que a editora não entrou em contato com a sua irmã, Dylan Farrow, que acusa Woody Allen de abusos, o que constitui, segundo ele, uma "falta enorme de profissionalismo".
Desde o início do movimento #MeToo, em outubro de 2017, Woody Allen viu regressarem as queixas de ter abusado sexualmente da sua filha adotiva Dylan Farrow quando ela tinha sete anos, em 1992.
"Isto demonstra a falta de ética e de compaixão pelas vítimas de agressões sexuais", disse Farrow, antes de afirmar que não pode trabalhar com uma editora que se comporta desta forma.
Na segunda-feira, a editora Grand Central Publishing, filial do grupo Hachette, anunciou de forma surpreendente a compra dos direitos das memórias de Woody Allen. O livro será lançado a 7 de abril.
De acordo com a editora, o livro "Apropos of Nothing" [A propósito de nada] é "um relato exaustivo da vida de Woody Allen, pessoal e profissional",
Após duas investigações distintas de vários meses nos anos 1990, o procurador do estado do Connecticut responsável pelo caso de Dylan Farrow decidiu não indiciar o cineasta, mas declarou publicamente que suspeitava de Woody Allen. o estado de Nova Iorque também rejeitou avançar com acusações após uma investigação em separado.
Dylan Farrow, que tem o apoio da mãe adotiva, Mia Farrow, e do irmão Ronan, voltou a reforçar as acusações em 2018. O cineasta voltou a desmenti-las.
Em outubro de 2019, Ronan Farrow publicou o seu segundo livro, "Catch and Kill", que fala do seu trabalho de investigação para revelar as acusações de assédio e agressão sexual contra o produtor de Hollywood Harvey Weinstein.
O livro foi lançado pela editora Little, Brown and Company, outra filial do grupo Hachette.
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