A banda nascida nos anos 1980 regressa com a mesma magia, a mesma vitalidade - mais refinada ainda - e as canções de sempre, que todos sabem de cor. No público, não se vê apenas a “velha” geração X, os Millennials e a geração Z juntam-se à festa. E que festa bonita!
Assistir e viver os 40 anos dos Delfins é uma mescla de emoções, com recordações e flashes do tanto que se viveu ao som da sua música e com novas histórias que se constroem, cimentadas por tantas canções, que continuam a fazer tanto sentido.
A noite começa ao som de “Planeta Terra” e “Estrelas do Rock’n’Roll”, do álbum “Libertação”, de 1987. Não são os temas mais populares da banda, mas contam uma história e é preciso voltar onde tudo começou para perceber o quão importante é a «linha duma vida sendo recolhida de volta ao novelo».
O boom haveria de chegar, tanto no espetáculo, como na história do grupo, com os fantásticos temas de “Desalinhados” (1990), “Ser Maior” (1993) ou “Saber Amar” (1996). A voz inconfundível de Miguel Ângelo, à qual se junta a de Dora Fidalgo, hão de marcar a noite, com uma energia contagiante e um concerto de mais de duas horas e de vinte canções e emoções.
“A Marcha dos Desalinhados”, “Sou como um Rio” e “Saber Amar” são os temas que se seguem no alinhamento (perfeito), com o público a saltar das cadeiras, braços no ar, a entoar em uníssono as letras que o tempo não apaga. E as canções seguem, cada uma delas cadenciada pelas palavras de Miguel Ângelo, que mantém um público voluntariamente refém da sua energia e da sua alegria.
O tema “Através da Multidão” leva o vocalista a “zarpar” pelo público nuns patins high tech, vincando um inesquecível momento porque, para muitos, a premissa germinou «E amanhã /Há de haver um ideal». Outro ponto alto, dos muitos da noite, passa pelo tema “A Cor Azul”, não estivéssemos na Invicta, onde o azul bate mais forte no peito. Uma equipa de jovens jogadores do Futebol Clube do Porto invade o palco e, em remates certeiros, lança umas quantas bolas oficiais do clube, autografadas. «E assim dar uma nova vida/ A um gato que já gastou sete», da letra Azul ao número 2024, tantas vidas (numa vida).
A banda despede-se ao som de “Nasce Selvagem” e o público não arreda pé. Como voltar ao princípio e viver tudo de novo, em loop, subtraindo 30 anos ao calendário das canções? Os Delfins voltam e “trazem” para o grande ecrã Gabriel, O Pensador, no tema “Soltem os Prisioneiros”. A fechar “A Primeira Vez” e “Haja o que houver” numa prece sentida «volta no vento/ por favor», para a despedida final ao som da famosa “Baía de Cascais”. «Obrigado Porto», pode ler-se no cenário. Obrigado nós. Por 40 anos de música, de vida e pela infinita felicidade de viver tudo de novo.
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