
O músico e compositor Rui Veloso defendeu na quarta-feira, no parlamento, a importância da música como fator de aproximação entre cidadãos e manifestou-se apreensivo com o quadro de instabilidade política que Portugal tem atravessado.
Rui Veloso falava aos jornalistas após de ter sido recebido pelo presidente da Assembleia da República, José Pedro Aguiar-Branco, que depois lhe fez uma visita guiada pelos principais espaços históricos do parlamento.
No sábado, pelas 21h30, acompanhado pela Banda Sinfónica da GNR, Rui Veloso vai dar um concerto (com entrada livre) na escadaria do Palácio de Bento – um espetáculo integrado no programa de comemorações dos 50 anos do 25 de Abril no parlamento.
Interrogado sobre o atual clima político, Rui Veloso disse encará-lo “com alguma preocupação”.
“Tem havido muita desunião, mais aqui no parlamento do que no país real. E a música é precisamente o oposto. É a única forma artística que existe para unir realmente as pessoas. As pessoas que estão nos espetáculos são de partidos diferentes, de clubes de futebol diferentes. Todos esses antagonismos não fazem sentido num concerto”, sustentou.
Em relação ao futuro político do país, comentou: “Vamos lá ver se daqui para a frente as coisas acontecem como devem acontecer, que é um Governo governar”. “Isto não é o Benfica contra o Porto, é o país que interessa, um país que está na cauda da Europa em muitas coisas. Estou há 50 anos à espera de um país melhor”, rematou.
Nas declarações que fez aos jornalistas, Rui Veloso teve ao seu lado o pianista de jazz norte-americano, John Beasley, que também participará no concerto de sábado e que se manifestou preocupado com o crescimento da extrema-direita, designadamente nos Estados Unidos.
“Penso que a música é uma boa resposta, porque é uma língua universal e cruza as fronteiras. Temos de continuar lutando fazendo música e fazendo arte para expressar os nossos sentimentos no sentido de fazermos um mundo melhor”, declarou o músico do Estado norte-americano do Luisiana.
Questionado sobre o seu espetáculo, no sábado, nas escadarias da Assembleia da República, Rui Veloso classificou-o “como especial, num sítio também muito especial”.
“É uma novidade total para mim e o concerto vai viver muito da colaboração com a orquestra da Banda Sinfónica da GNR. Espero que a minha voz esteja no sítio. O meu maior medo é a voz não estar no sítio”, acrescentou.
Ao início da tarde de quarta-feira, o presidente da Assembleia da República assistiu a um dos ensaios de Rui Veloso.
Este concerto de Rui Veloso na escadaria exterior do parlamento integrou-se no objetivo definido por José Pedro Aguiar-Branco de dar “um sinal à sociedade de que o parlamento é uma casa aberta”.
Comentários